domingo, 18 de novembro de 2007

Deus é Inefável

O que és, portanto, meu Deus? O que és, pergunto eu, senão o Senhor meu Deus? “Quem é, pois, senhor, senão o Senhor? Ou quem é deus, senão nosso Deus?” (Sl 18.17).

Oh altíssimo, infinitamente bom, poderosíssimo, antes todo-poderoso, misericordiosíssimo, justíssimo, ocultíssimo, presentíssimo, belíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível, imutável eu tudo mudo, nunca novo (é novo quem adquire algo que antes não possuía; portanto, quem é perfectível) e nunca antigo, tudo inovando(Ap 21.5), conduzindo à decrepitude os soberbos, sem que disto se apercebam (Jó 9.5), sempre em ação e sempre em repouso, recolhendo e de nada necessitando; carregando, preenchendo e protegendo; criando, nutrindo e concluindo; buscando, ainda que nada te falte.

Amas e não te apaixonas; tu és cioso (Gl 2.18; Zc1.14; 8.2), porém tranqüilo; tu te “arrependes” (Cf Gn 6.6) sem sofrer; entras em ira (Ex 4.14), mas és calmo; mudas as coisas sem mudar o teu plano; recuperas o que encontras sem nunca teres perdido; nunca estás pobre, mas te alegras com os lucros; não és avaro e exiges juros (Mt 25.27); nós te damos em “excesso” (Lc 10.35), para que sejas nosso devedor. Mas, quem possui alguma coisa que não SEJA TUA? Pagas as dívidas, sempre sem que devas a ninguém, e perdoas o que te é devido, sem nada perderes.

Mas, que estamos dizendo, meu Deus, vida da minha vida, minha divina delícia? Que consegue dizer alguém quando fala de ti? Mas ai dos que não querem falar de ti, pois são mudos que falam.

O DESEJO DE DEUS

Quem me fará descansar em ti´? Quem fará com que venhas ao meu coração e o inebries a ponto de eu esquecer os meus males, e me abraçar a ti, meu único bem?

Que és para mim? Tem misericórdia, para que eu fale. Que sou eu aos teus olhos, para que me ordenes amar-te e, se eu não o fizer, te indignares (Sl 85.6) e me ameaçares com imensas desventuras? Como se o não te amar já fosse desgraça pequena! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és tu para mim? “Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação” (Sl 35.3). Dize de forma que eu te escute. Os ouvidos do meu coração estão diante de ti, Senhor; abre-os o “dize à minha alma: Eu sou a tua salvação”. Correrei atrás destas palavras e te segurarei. Não escondas de mim a tua face (Dt 31.17.32.20).: que eu morra para contempla-la e para não morrer!

Minha alma é morada muito estreita para te receber: serás alargada por ti, Senhor. Está em reinas: restaura-a! Tem coisas que ofendem aos teus olhos: eu o seu e confesso. Mas quem pode purifica-la? A quem, senão a ti, eu clamarei: “Purifica-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa a teu servo as culpas alheias”? (Sl 19.13,14).

Creio, e por isso falo, Senhor: (Sl 116.10) – tu sabes. Não te confessei “contra mim as minhas faltas, meu Deus, e não perdoaste a maldade do meu coração?” (Sl 32.5) Não discuto contigo, (Jó 9.3; Jr 2.29) que és a verdade, e não quero enganar a mim mesmo, para que a minha iniqüidade não minta a si mesma (Sl 27.12). Não discuto contigo porque, “se te lembrares de nossos pecados, Senhor, quem suportará teu olhar?” (Sl 130.3).