sábado, 28 de junho de 2008

Por que acendemos velas?


Por que se acende uma vela a Deus ou a um santo? Para comprá-los a fim de alcançar uma graça? Ou para apaziguá-los a fim de ficarmos livres de um mal que nos atormenta ou de uma desgraça que nos ameaça? Nem um nem outro. O sentido da vela acesa é muito mais nobre e mais profundo.

SÍMBOLO DE CONSUMAÇÃO

Deus é nosso Criador e nós, suas criaturas; quer dizer que tudo o que somos e tudo o que temos nos foi dado de graça por Deus. Por conseguinte, seu poder sobre nós é absoluto e seus direitos ilimitados. Pode até exigir a nossa própria vida em sacrifício.

Os povos pagãos reconheciam esse direito a seus deuses. Por isso ofereciam-lhe sacrifícios humanos (crianças, geralmente, por causa de sua inocência), para acalmar a sua ira ou conseguir o que desejavam.

A Bíblia nos diz também que o Deus verdadeiro exigiu uma vez um sacrifício humano; pediu a Abraão que lhe sacrificasse seu filho único Isaac. Abraão obedeceu. Mas no instante em que segurava a faca para matar o filho em cima da fogueira, Deus enviou seu Anjo que reteve a mão do pai e substituiu o filho por um carneiro (Gn 22). Deus mostrava, assim, que os sacrifícios humanos não são agradáveis a seus olhos e que só quis pôr à prova a fidelidade e a obediência de seu servo.

Na história da humanidade houve um só sacrifício de seu próprio Filho feito homem, nosso Senhor Jesus Cristo, na cruz, para a salvação e a redenção do gênero humano. Esse sacrifício continua renovando-se misticamente, de modo incruento, onde houver um sacerdote e um altar.

Que relação pode haver entre um sacrifício e uma vela acesa? A vela acesa substitui diante de Deus a pessoa que a acende: Fica se consumindo, como se fosse um holocausto oferecido a Deus. O holocausto era, na Antiguidade e na lei mosaica, o sacrifício mais perfeito, porque por ele a vítima era oferecida a Deus e queimada por inteiro em reconhecimento a seu poder e direito absolutos sobre quem a oferecia. A vela acesa ê um holocausto em miniatura. A pessoa compra a vela que passa a lhe pertencer, a ser sua. Acende-a para ser consumida em seu lugar.

Uma vela acesa a Deus simboliza, portanto, a adoração e a entrega total de quem a acende ao Deus Todo Poderoso, Senhor e Criador de todos os seres. Uma vela acesa a um santo tem o mesmo simbolismo, só que este sacrifício é oferecido a Deus por intermédio deste ou daquele santo.

É claro que está longe de ter o mesmo valor do sacrifício eucarístico, cujo valor é infinito, visto que por ele é o próprio Homem-Deus que se oferece a seu Pai. Mas nem por isso deve ser desprezado ou abolido.

Deve-se, sim, evitar a má interpretação e o exagero, isto é, evitar dar-lhe maior valor do que ele tem. Vela acesa é, pois, símbolo de consumação.

SÍMBOLO DE CRISTO, LUZ DO MUNDO

A vela acesa tem também outro simbolismo. Irradiando luz iluminadora, simboliza Cristo "Luz do mundo", conforme ele próprio se qualificou. Por isso, nos ofícios litúrgicos, usam-se freqüentemente velas acesas, sobretudo durante a semana santa e o tempo pascal. Mas o dia da luz é o sábado santo, de noite, Vigília da Páscoa {os fiéis, aliás, chamam este dia de Sábado da Luz}. Nele, antes da divina liturgia, procede-se à bênção solene da luz: o sacerdote benze, atrás do altar, uma vela acesa e, depois, de frente para os fiéis, convida-os a acender dessa vela benta, suas velas, dizendo:

“A luz de Cristo ilumina a todos!... Bendito seja o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que ilumina e santifica nossas almas”.

E com as velas acesas faz-se uma procissão dentro da igreja ao canto do Salmo 147.

No domingo da Páscoa, ao iniciar a cerimônia da entrada triunfal de Cristo que precede a liturgia da ressurreição, o sacerdote, segurando o círio pascal aceso, convida os presentes a acender dele os seus círios, dizendo: "Vinde, tomai luz da Luz sem ocaso e glorificai o Cristo que ressuscita dos mortos". E todos saem da igreja em procissão com velas acesas, para o anúncio da ressurreição de Cristo, pela leitura do evangelho próprio e o canto, várias vezes repetido, do hino da ressurreição:

"Cristo ressuscitou dos mortos;
venceu a morte a pela morte,
e aos que estão nos túmulos
Cristo deu a Vida”.


Depois, o celebrante bate na porta fechada, exigindo sua abertura e entra primeiro, seguido dos fiéis, sempre com velas acesas, ao canto do Cânon da Ressurreição. É claro o simbolismo das velas acesas: Cristo ressuscitado, luz sem ocaso.

Esse simbolismo, encontramo-lo também no sacramento do batismo, chamado também sacramento da iluminação. Depois de batizar a criança, que passa, assim, das trevas do pecado para a luz da graça, o sacerdote manda, acender as velas que os presentes seguram na mão e proclama: "Bendito seja Deus que ilumina e santifica todo homem que vem a este mundo".

Em qualquer cerimônia litúrgica, em especial na "Divina Liturgia", acendem-se velas no altar para simbolizar de um lado a consumação da criatura diante do Criador, o sacrifício de Cristo em substituição à humanidade; e de outro lado, porque é Cristo que está se sacrificando, ele que é a "Luz do mundo".

A exemplo de seu fundador, que usou coisas materiais (pão, vinho, água, óleo) para significar coisas imateriais e até para transformá-las em seu corpo e sangue, a Igreja usa também o material para esse fim (velas, incenso, ícones, etc.); nossa natureza, que é um misto de matéria e de espírito, o requer. Não sendo o "homem nem anjo nem simples animal" só pode alcançar o espiritual e o sobrenatural por intermédio do sensível e do natural. Sejamos humildes e aceitemos nossa natureza como ela é.

A VELA NO BATISMO

Para os cristãos ortodoxos, a vela usada no Batismo tem um significado muito especial. Como disse o Patriarca Sofrônio:

"Hoje saímos das trevas e fomos iluminados pela LUZ do conhecimento de Deus. No Batismo nós pedimos a Jesus Cristo, que nos envie o Espírito Santo, conforme sua promessa, para iluminar os olhos de nossas almas, a fim de podermos ver Cristo "a Verdadeira LUZ que ilumina todo o homem que vem a este mundo" - Jô 1,9.

A vela do Batismo deve ser mantida pelos pais e apresentada à criança quando alcançada a idade do entendimento. Neste momento, os pais deverão explicar que, pelo Batismo, a criança recebeu a LUZ, que é Cristo: "Eu Sou a Luz do mundo" - Jô 1,5 - e pela Crisma o "Dom do Espírito Santo". Esta Luz ilumina nossos passos para ver por onde devemos trilhar no decurso de nossa existência. Mostra-nos que somos os filhos de Deus, amados, cuidados e redimidos por Ele. Faz-nos pensar que Ele caminha conosco Ele, o verdadeiro caminho, o único meio que nos une (religa-nos) ao Pai e dá-nos a Vida eterna no paraíso. - Jô 14,1-6, 16-17, 26-28.

Jesus é a real e única LUZ para os cristãos, revelando-nos a nossa identidade e o nosso destino.

Nos primeiros tempos da Igreja a vela batismal era sempre mantida pelo batizado. Acendia-se todos os anos no aniversário de Batismo e nos dias dos Santos Maiores. Na Festa da Epifania era trazida para a Igreja e usada para a Renovação das Promessas do Batismo, quando se reafirmava a renúncia ao demônio e a nossa fé em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. (Epifania era o dia em que se realizava um grande número de batismos nos primeiros tempos da Igreja, como também na Festa da Ressurreição). De igual modo, era acesa, esta mesma vela, durante a cerimônia de casamento ou ordem, simbolizando a presença da Santíssima Trindade: a cera simboliza o Pai; o pavio, Jesus Cristo e o fogo simboliza o Espírito Santo. Finalmente no momento da morte, para expressar nossa fé na nova Vida: "Aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a LUZ da vida", - Jô 8,12 - para iluminar as trevas da morte na espera da Luz do Cristo Transfigurado, a iluminar-nos com a Luz da Vida Eterna.

Os pais cristãos ortodoxos devem reviver esta tradição de preservar a vela batismal de cada criança e acendê-la constantemente na festa de Epifania para relembrar sua filiação divina, motivando assim os pequenos a fazer o mesmo nos momentos mais importantes de suas vidas, como nos aniversários de Batismo, ao receber os demais sacramentos ou numa festa especial, vivendo sempre sob a Luz de Cristo.

Todas as famílias ortodoxas, na festa de Epifania ou Domingo após, ou ainda na festa da Ressurreição do Senhor, deveriam reviver esta tradição, renovando os votos do Batismo que nos revigora na Verdadeira Vida que é Cristo.

Na igreja fique de pé, silencioso, sereno, quieto, como a vela acesa que você ofertou à frente do ícone: ela não se move, não faz barulho, arde numa chama forte e sempre para cima, para o céu. Tenhamos essa postura na igreja, ansiando com nossos corações inflamados com amor e oração em direção à Deus.

Bispo Antonio de Smolensk
Igreja Ortodoxa Sérvia do Brasil

segunda-feira, 23 de junho de 2008

A guerra ideológica contra o cristianismo

Por Silas Daniel

Todo mal tem um início. Não é diferente com as idéias que permeiam atualmente a sociedade ocidental. Que o diga Russell Kirk. Russell Amos Kirk (1918-1994) foi um notório cientista político norte-americano e crítico social, conhecido pelo seu conservadorismo. Em 1953, ele lançou um livro que se tornou clássico rapidamente nos Estados Unidos, sendo considerado hoje a melhor obra para entender a formação e o desenvolvimento do conservadorismo na tradição anglo-americana. Por tabela, a obra apresenta também as raízes e o desenvolvimento do pensamento liberal no Ocidente. Estamos falando de The Conservative Mind: from Burke to Eliot (O Conservadorismo: de Burke a Eliot).

Nesse livro, o crítico americano afirma que a onda liberal que hoje vemos no mundo (com a pregação a favor do aborto, da liberação das drogas e da promiscuidade sexual) nasceu no período histórico denominado “Idade da Razão”, especialmente no século 18. Kirk diz ainda que um dos primeiros a denunciar eloqüentemente os efeitos nefastos do liberalismo em sua gênese foi Edmund Burke (1729-1797), pensador e político britânico.

Segundo Kirk, antevendo o futuro, Burke criticou em sua época três escolas que chamou de “radicais” e que estavam tornando-se bastante populares em seus dias:

a) o racionalismo dos filósofos; (b) o nascente utilitarismo do filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham; e (c) o sentimentalismo romântico do filósofo francês Rousseau. Esse último Burke chegou a chamar de “o Sócrates louco”.

O detalhe é que, em sua análise, o político britânico identificou alguns pontos que caracterizaram a onda liberal daquela época, dando-lhe base. Entre eles estão:

1) A crença de que, se Deus existe, “difere radicalmente em sua natureza da idéia do Deus cristão; ele seria ou o ser remoto e impassível dos deístas ou o brumoso e recém-criado Deus de Rousseau”;

2) A idéia de que o homem, diferentemente do que a Bíblia diz, não é tendente ao pecado, mas é naturalmente bom, generoso e benevolente, sendo corrompido pelas instituições;

3) A convicção de que as tradições da humanidade e o ensino bíblico são mitos, confusos e ilusórios, e nos ensinam muito pouco;

4) A fé no ser humano, como sendo capaz de aprimorar-se sozinho e trazer a paz e a ordem ao mundo sem precisar de alguma ajuda divina;

5) O pensamento de que devemos buscar a “libertação das velhas crenças, dos tabus, dos juramentos e das velhas instituições”, e regozijarmo-nos com “a pura liberdade e a auto-satisfação”.

Como vemos, foi ali, no século 18, que a atual onda liberal teve seu início.

Foi Jean Jacques Rousseau quem “decretou” a morte do pecado, ao pregar a teoria da plena bondade natural do ser humano. Depois dele, veio Augusto Comte, com o seu positivismo, afirmando que a religião é o estado primitivo da sociedade. O iluminismo proclamou que a religião não era mais relevante. Assim, chegamos ao ponto onde estamos hoje.

Esses cinco pontos esposados por Edmund Burke explicam, por exemplo, o porquê de a sociedade de hoje viver em um nível moral muito baixo. Já dizia Russell Kirk, em sua obra supracitada, que “problemas políticos e sociais são, no fundo, problemas religiosos e morais”. E ele não está errado. As questões sociais são, lá no fundo, uma questão de moral pessoal. Não é necessário um grande exercício mental para perceber isso.

A sociedade está moralmente à deriva

Imagine uma sociedade onde as pessoas são governadas pela crença em uma ordem moral duradoura, por um forte sentido de certo e errado, por convicções pessoais sobre a justiça e a honra. Com certeza será uma sociedade sadia, que fugirá tanto do extremo da tirania quanto do seu oposto, a anarquia. Agora, imagine uma outra sociedade, onde as pessoas vivem moralmente sem rumo, ignorando o certo e o errado. Seria uma sociedade onde cada um estaria voltado para sua gratificação pessoal, atrás da satisfação de seus próprios apetites. Sem dúvida, seria uma sociedade doentia, tanto na sua versão mais radical (o anarquismo) quanto na sua versão mais leve, como está tentando ser implementado hoje em todo o Ocidente.

Sobre isso, escreve Kirk:
“O conservador se esforça por limitar e balancear o poder político para que não surjam nem a anarquia, nem a tirania. No entanto, em todas as épocas, homens e mulheres foram tentados a derrubar os limites colocados sobre o poder, a favor de um capricho temporário. É uma característica do radical que ele pense o poder como uma força para o bem – desde que o poder caia em suas mãos. Em nome da liberdade, os revolucionários franceses e russos aboliram os limites tradicionais ao poder, mas o poder não pode ser abolido e ele sempre acha um jeito de terminar nas mãos de alguém.”

“O poder que os revolucionários pensavam ser opressor nas mãos do antigo regime tornou-se muitas vezes mais tirânico nas mãos dos novos mestres do Estado.”

“Sabendo que a natureza humana é uma mistura do bem e do mal, o conservador não coloca sua confiança na mera benevolência. Restrições constitucionais, freios e contrapesos políticos (checks and balances), correta coerção das leis, a rede tradicional e intricada de contenções sobre a vontade e o apetite – tudo isto o conservador aprova como instrumento de liberdade e de ordem. Um governo justo mantém uma tensão saudável entre as reivindicações da autoridade e as reivindicações da liberdade.”

À medida que o tempo passa, os valores morais vão perdendo seu significado e força, o que resulta em uma sociedade cada vez mais neurótica, hedonista, egoísta e violenta. Não é à toa que é bastante comum vermos os pensadores pós-modernos identificando a sociedade em que vivemos como inundada de patologias, crises e profundos vazios existenciais.

Um sintoma da crise em que vive o mundo é a atual produção artística no planeta. Sabemos que a produção artística de uma época diz muito sobre os problemas, angústias, medos, conquistas, sonhos e aspirações de uma geração. Ora, os livros de ficção, filmes, peças teatrais e pinturas de hoje estão repletos de personagens psicóticos ou figuras que não trazem substancialmente nada, só o vazio. Isso é porque a alma humana no século 21 encontra-se assim.

Outro dia um articulista carioca escreveu, em sua coluna em um dos jornais mais influentes do país, sobre sua profunda infelicidade existencial, chegando a afirmar que tinha inveja da lagartixa, que não aspira nada, a não ser a satisfação de seus instintos naturais. E não foram poucos os que se identificaram com ele!

Os perigos de uma sociedade assim é que, por não ter firmeza moral e sentido na existência, está aberta a qualquer bizarria. O único conceito que consegue-se assimilar é o que diz: “Não se pode reprimir direitos”. Mas onde estão os deveres? Apesar de ainda existirem alguns deveres reconhecidos, até mesmo estes, vez por outra, são questionados por celebrizadas “mentes privilegiadas” de nossos dias. Isso porque, via de regra, o que prevalece no inconsciente coletivo da sociedade de hoje é a idéia de que o dever é visto como mal, “castrador”, destruidor, camisa-de-força. Por isso, os projetos de lei de hoje, em sua maioria, não buscam impor limites; pelo contrário, os retiram.

O cristão genuíno, porém, não sofre essas crises, pois tem a Palavra de Deus, que é sua regra de fé e prática. Seu comportamento e pensamentos são pautados por ela, o que, em vez de inibir sua vocação e suas habilidades, as desenvolvem. Ele percebe limites e, por isso, compreende a existência como um todo e, em particular, a sua missão na vida. Isso porque sem limites é impossível andar com segurança ou mesmo entender a existência. Limites são uma necessidade da própria existência. Eles foram criados pelo próprio Deus para o melhor aproveitamento da vida. Desrespeitá-los é ser infeliz ou infelicitar o próximo.

A sociedade de hoje precisa de valores. Isso significa não só limites, mas também sentido, caminho. Em outras palavras, o mundo necessita da Palavra de Deus. O mundo precisa de Cristo.

Os terríveis efeitos do liberalismo


Thomas Sowell, doutor em Economia pela Universidade de Chicago, publicou recentemente um artigo mostrando que a teoria de que a revolução liberal dos anos 60 trouxe benefícios para a sociedade é uma grande mentira. Ele cita dados em seu próprio país, os Estados Unidos, que provam a falácia de tal argumentação. Escreve Sowell:

“Os esquerdistas podem pensar que os anos 1960 foram o começo de muitas tendências ‘progressistas’ na sociedade norte-americana, mas os frios e duros fatos contam uma história muito diferente. Os anos 60 marcam o fim de muitas tendências benéficas que aconteciam há anos e uma reversão completa dessas tendências quando programas, políticas e ideologias dos esquerdistas foram implantados”.

“A gravidez de adolescentes estava caindo há anos. O que também acontecia com as doenças venéreas. A taxa de infecção por sífilis em 1960 era metade do que tinha sido em 1950. Havia tendências similares em relação a crimes. O número total de assassinatos nos EUA em 1960 era menor que em 1950, 1940 ou 1930 – apesar da população estar crescendo e dois novos Estados terem sido adicionados. A taxa de assassinatos, em relação à população, em 1960, era metade do que era em 1934”.

“Cada uma dessas tendências benéficas reverteu-se agudamente depois que noções esquerdistas ganharam iminência nos anos 60. Em 1974, a taxa de assassinatos já havia dobrado. Mesmo o ícone esquerdista Sargent Shriver, diretor da agência que dirigia a ‘guerra contra a pobreza’, admitiu que ‘as doenças venéreas saíram do controle apesar de termos acesso a mais clínicas, mais medicamentos e mais educação sexual do que em qualquer momento na história’”.

No Brasil, não é diferente. Só para citar um exemplo: a mensagem de que sexo
antes do casamento não tem nada de mais, basta apenas usar preservativos, tem feito mais mal do que bem. Ela é fruto da visão liberal que prevalece na sociedade de nossos dias. Chega a ser ridículo ver a mídia pregar o sexo livre como normal e depois falar de responsabilidade, preservativos etc. Querem tentar amenizar o problema em vez de atacar a sua raiz. O que temos visto na prática é o aumento do número de adolescentes grávidas.

E a onda liberal continua, querendo legalizar o aborto e o uso de drogas, e anunciando a prostituição como uma profissão normal e digna. E ainda têm a ousadia de chamar tudo isso de “avanço”. É o fim.

Silas Daniel é ministro evangélico da Assembléia de Deus em Artur Rios, Rio de Janeiro (RJ), jornalista, conferencista, articulista e escritor.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Amor e concupiscência

"O amor quer o outro ser e o quer na forma de libido, eros, philia ou agape. A concupiscência, ou libido distorcida, quer o próprio prazer através do outro ser, mas não quer o outro ser. Esse é o contraste entre libido como amor e libido como concupiscência."

(Paul Tillich, Teólogo Alemão)

Tillich sabiamente soube distinguir entre a libido associada ao fenômeno amoroso, da libido associada à concupiscência da carne (lascívia). Vivemos numa sociedade cada vez mais erotizada -- no pior sentido da palavra -- onde a forma, o "shape", sobressai em detrimento do conteúdo, do intelecto. Coisas típicas de uma sociedade imediatista, que não se aprofunda em suas questões, e que, para fugir de suas próprias mazelas, refugia-se cada vez mais no entretenimento, no "pão e circo", onde, também, o pão é o corpo alheio e o circo se localiza no lugar "da caça", da busca pelos corpos sarados das boates, das raves, das micaretas.

A que tipo de libido devemos nos sujeitar?

Àquela que é vinculada à sabedoria, que, por conseguinte, é associada ao amor.