domingo, 18 de novembro de 2007

Deus é Inefável

O que és, portanto, meu Deus? O que és, pergunto eu, senão o Senhor meu Deus? “Quem é, pois, senhor, senão o Senhor? Ou quem é deus, senão nosso Deus?” (Sl 18.17).

Oh altíssimo, infinitamente bom, poderosíssimo, antes todo-poderoso, misericordiosíssimo, justíssimo, ocultíssimo, presentíssimo, belíssimo e fortíssimo, estável e incompreensível, imutável eu tudo mudo, nunca novo (é novo quem adquire algo que antes não possuía; portanto, quem é perfectível) e nunca antigo, tudo inovando(Ap 21.5), conduzindo à decrepitude os soberbos, sem que disto se apercebam (Jó 9.5), sempre em ação e sempre em repouso, recolhendo e de nada necessitando; carregando, preenchendo e protegendo; criando, nutrindo e concluindo; buscando, ainda que nada te falte.

Amas e não te apaixonas; tu és cioso (Gl 2.18; Zc1.14; 8.2), porém tranqüilo; tu te “arrependes” (Cf Gn 6.6) sem sofrer; entras em ira (Ex 4.14), mas és calmo; mudas as coisas sem mudar o teu plano; recuperas o que encontras sem nunca teres perdido; nunca estás pobre, mas te alegras com os lucros; não és avaro e exiges juros (Mt 25.27); nós te damos em “excesso” (Lc 10.35), para que sejas nosso devedor. Mas, quem possui alguma coisa que não SEJA TUA? Pagas as dívidas, sempre sem que devas a ninguém, e perdoas o que te é devido, sem nada perderes.

Mas, que estamos dizendo, meu Deus, vida da minha vida, minha divina delícia? Que consegue dizer alguém quando fala de ti? Mas ai dos que não querem falar de ti, pois são mudos que falam.

O DESEJO DE DEUS

Quem me fará descansar em ti´? Quem fará com que venhas ao meu coração e o inebries a ponto de eu esquecer os meus males, e me abraçar a ti, meu único bem?

Que és para mim? Tem misericórdia, para que eu fale. Que sou eu aos teus olhos, para que me ordenes amar-te e, se eu não o fizer, te indignares (Sl 85.6) e me ameaçares com imensas desventuras? Como se o não te amar já fosse desgraça pequena! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és tu para mim? “Dize à minha alma: Eu sou a tua salvação” (Sl 35.3). Dize de forma que eu te escute. Os ouvidos do meu coração estão diante de ti, Senhor; abre-os o “dize à minha alma: Eu sou a tua salvação”. Correrei atrás destas palavras e te segurarei. Não escondas de mim a tua face (Dt 31.17.32.20).: que eu morra para contempla-la e para não morrer!

Minha alma é morada muito estreita para te receber: serás alargada por ti, Senhor. Está em reinas: restaura-a! Tem coisas que ofendem aos teus olhos: eu o seu e confesso. Mas quem pode purifica-la? A quem, senão a ti, eu clamarei: “Purifica-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa a teu servo as culpas alheias”? (Sl 19.13,14).

Creio, e por isso falo, Senhor: (Sl 116.10) – tu sabes. Não te confessei “contra mim as minhas faltas, meu Deus, e não perdoaste a maldade do meu coração?” (Sl 32.5) Não discuto contigo, (Jó 9.3; Jr 2.29) que és a verdade, e não quero enganar a mim mesmo, para que a minha iniqüidade não minta a si mesma (Sl 27.12). Não discuto contigo porque, “se te lembrares de nossos pecados, Senhor, quem suportará teu olhar?” (Sl 130.3).

sábado, 6 de outubro de 2007

O não-amar como caminho de auto exclusão

Deus é amor e deseja ter comunhão com o homem, a quem comunicou Seus dons, dentre eles, o amor. Foi exatamente para isso que criou o ser humano. Mas... se um homem não quer amar a Deus, conseqüentemente não deseja ter comunhão com ele. Pois o amor é isso, resulta em comunhão, num relacionamento sincero, num vínculo de amizade.

Assim sendo, quem não ama a Deus nada mais está trilhando por um caminho de auto-exclusão, pois Deus não obriga ninguém a amá-lo, uma vez que não viola a vontade da criatura.

A problemática se instala porque o não-amar a Deus é pecado (ferindo o primeiro e principal mandamento, ratificado por Cristo no Novo Testamento). O pecado é uma transgressão. Toda transgressão implica na ação da justiça divina retributiva, pois Deus não pode ser omisso à sua própria natureza santa.

O não-amar fere à própria finalidade da existência do homem, que foi criado para amar a Deus e ao próximo. O não-amar é uma afronta ao próprio princípio existencial, tornando-se uma verdadeira abominação. Como a eternidade com Deus é baseada no amor, aquele que não O ama nada mais está do que imputando a si mesmo uma auto-rejeição ontológica, está não só odiando a Deus por ferir Sua natureza santa, mas odiando a si mesmo, por que, em última análise, está recusando para si toda boa dádiva que Deus oferece gratuitamente.

O pecado é uma desarmonia. Imaginem uma orquestra sinfônica, que normalmente tem mais de 100 integrantes: um violino desafinado desarmoniza a melodia, operando contra o restante dos instrumentos. O que deve ser feito? Afinar o violino, isto é, deixá-lo de acordo com a harmonia que a melodia exige. Se o violino não presta, ele ficará de fora da orquestra, porque a desarmoniza. Da mesma forma, o pecado desarmoniza o homem para com o maestro (Deus), porque o maestro não pode negar o seu ofício: Primar pela excelência melódica. Então, aquele que não ama ficará de fora, pois optou por andar em desarmonia em relação ao padrão divino, que é o da excelência: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Por tudo isto, a escritura não erra em afirmar que o incrédulo é insensato, pois é como se padecesse do mais alto grau de loucura, por rejeitar um amor tão grande - o amor de Deus.

Faz sentido.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

As faces de Jesus

No primeiro século da era cristã, os judeus da Palestina não tinham sobrenome. Quando o prenome não bastava para a identificação, juntava-se a ele o local de origem – daí Jesus ter ficado conhecido como Jesus de Nazaré, a cidade da Galiléia onde foi criado. Pouco se sabe de sua vida. Jesus era pobre, mas não destituído. Abaixo de sua classe, a dos pequenos artesãos e agricultores, havia ainda uma legião de miseráveis. Numa atitude incomum em seu tempo, Jesus contemplou essas pessoas com compaixão destacada em suas pregações. Dedicou igual atenção às prostitutas, aos adúlteros, aos ladrões e à odiada categoria dos cobradores de impostos, símbolo da dominação romana sobre a Palestina.

Ao longo dos séculos, consolidou-se a idéia de que a palavra de Jesus foi como uma febre a varrer a Palestina. No entanto, de uma perspectiva estritamente histórica, tudo indica que não foi bem assim. A pregação do Nazareno provavelmente não durou um ano inteiro, e profetas não eram um artigo tão raro naqueles tempos. Os milagres, exorcismos, profecias e ensinamentos de Jesus atraíam muita gente, mas é provável que não se tratasse de multidões. Sinal disso é que, só alguns dias após sua entrada em Jerusalém para celebrar a Páscoa, Jesus foi preso, julgado e crucificado por Pôncio Pilatos. Na Páscoa, a guarda romana em Jerusalém se punha em alerta máximo – com a cidade repleta de gente inflamada por um festival religioso, era uma oportunidade quase certeira para rebeliões contra Roma. Se a comoção provocada pela chegada de Jesus tivesse sido excepcional, a reação teria sido imediata. Aos olhos de Caifás, o sumo-sacerdote judeu de Jerusalém que o denunciou, e do governador romano Pilatos, Jesus provavelmente não passava de mais um entre muitos indícios de instabilidade na região.

Como foi possível, então, que esse homem humilde e obscuro se convertesse na peça central da fé que mais tem adeptos em todo o planeta – cerca de 2 bilhões de cristãos, ou um terço da humanidade –, e que vem resistindo com surpreendente vitalidade às mudanças dramáticas por que o mundo passou nesses vinte séculos? Todas as respostas a essa pergunta têm de começar por um ponto crucial: o mundo de significados contidos na figura de Jesus, que parecem não se esgotar nunca, seja para seus fiéis, seja para os adeptos de outras religiões, que se viram inexoravelmente tocados por aquela que foi a grande força escultora da civilização ocidental.

O tempo de Jesus foi pródigo nos chamados profetas escatológicos – não no sentido que se dá hoje ao termo, claro, mas na acepção da palavra escatologia, que quer dizer "a doutrina das últimas coisas". Ou seja, a doutrina do fim dos tempos, uma parte fundamental do judaísmo nessa época. Também Jesus era um profeta escatológico e anunciava a instauração iminente do Reino de Deus na Terra. A diferença é que só de Jesus se disse ser o Filho de Deus. Desde os primeiros judeus que se converteram ao seu chamado, todos que o atendem ainda hoje o fazem por um ato supremo de fé: a crença de que Deus se fez homem (e nunca o contrário), como prova do amor por Seu rebanho.

Não custa lembrar que, no tempo de Jesus, só os judeus acreditavam num único Deus. Todo o restante da Antiguidade seguia magotes de divindades. Poder-se-ia presumir, portanto, que a pregação de Jesus só se dirigia aos judeus, e só interessaria a eles. Mas, durante os meses em que peregrinou pela Palestina, Jesus teve oportunidade de se indispor com todo poder político e religioso que houvesse ali. Pelo que se depreende dos Evangelhos Sinópticos – aqueles escritos por Marcos, Lucas e Mateus, que se julga serem a mais fidedigna fonte sobre a obra de Jesus –, o Nazareno nunca pediu fidelidade a si nem deu sinal de que pretendia fundar uma Igreja. Ao contrário, deixou claro que, para Deus, não havia eleitos: a salvação poderia pertencer a todos os que se arrependessem de seus pecados e que amassem não só o próximo, mas também seus inimigos. Mais do que fundar uma religião, o intento parecia ser o de formar uma comunidade em moldes inéditos. Para Helmut Koester, professor de estudos do Novo Testamento da Universidade Harvard, a fórmula de batismo com que se iniciam as Cartas de Paulo é, na verdade, uma fórmula sociológica. São Paulo escreve que em Cristo não há nem judeus nem gregos, nem homens nem mulheres, nem escravos nem libertos. "Aí está uma comunidade que convida a todos e que transforma todos em iguais, sem desvantagens", diz Koester.

Hoje é fácil enxergar a beleza da mensagem de Jesus, mesmo que não se acredite em sua origem sagrada. Por volta do ano 30, contudo, essa beleza tinha algo de subversivo. Ao Império Romano, não agradava que alguém andasse por seu território dizendo que o Reino de Deus era o único verdadeiro. À hierarquia religiosa judaica, também não soava bem que um jovem sem profissão ou título definidos fosse anunciado como o Filho de Deus – e mais ainda que convidasse imorais e gente de outras religiões a compartilhar desse Deus. Essas duas coisas já bastariam para fazer de Jesus um alvo. Mas ele tinha ainda, segundo os Evangelhos, o dom de operar imensos milagres, como curar leprosos, multiplicar os alimentos ou ressuscitar os mortos. Ou seja, sua fama crescia e suas palavras cada vez mais se faziam ouvir. Num acordo político nebuloso para os historiadores, o sacerdote Caifás e o governador Pilatos decidiram, então, condenar Jesus, que atraíra os olhares para si naquela Páscoa ao invadir o Templo de Jerusalém para desbaratar os comerciantes que trabalhavam ali. Num ritual destinado a produzir o máximo de humilhação, o Nazareno teve uma coroa de espinhos fincada em sua cabeça e carregou sua própria cruz até o monte chamado Gólgota, onde foi crucificado entre dois ladrões.

É certo que nem os doze apóstolos de Jesus esperavam por um desfecho tão trágico. Mas foi por causa desse fim prematuro e aparentemente inglório que, nos anos seguintes à morte de Jesus, um embrião de Igreja começou a surgir em torno dele. A razão está num dos maiores mistérios ligados a Jesus, e também um dos dogmas mais sagrados do cristianismo – a Ressurreição. São taxativos os relatos transmitidos pelos evangelistas de que, após sua morte, Jesus se fez ver em várias ocasiões por seus discípulos. De acordo com Lucas, na segunda vez em que apareceu, comeu até peixe assado. "Se Deus o fez ressurgir dos mortos, ele não era apenas um mensageiro divino, como seus seguidores provavelmente julgavam de início. Teria de ser o próprio Messias", explica o pesquisador Michael L. White, diretor de estudos religiosos da Universidade do Texas em Austin. Daí o título Cristo – em grego, "o ungido" – ter se agregado a seu nome desde cedo.

Séculos de debates teológicos ainda não deram conta de todas as implicações da Paixão e Ressurreição. Mas elas estão na essência da maneira como os cristãos enxergaram e enxergam Jesus no decorrer desses 2000 anos. A doutrina que foi se cimentando nos primeiros séculos da Igreja ensina que Cristo tem uma dupla natureza: é integralmente divino e integralmente humano. É divino porque é uma das três formas de Deus – a Santíssima Trindade, composta por Pai, Filho e Espírito Santo – e, como tal, existe desde antes da Criação. Jesus é, assim, Deus encarnado em homem, e por ser o Filho é que seu sacrifício tem poder para redimir toda a humanidade de seus pecados. Mas Jesus é também humano porque nasceu de uma mulher e viveu entre os homens. E, mais importante, porque se entregou à cruz com um temor e um coração humanos. A salvação, assim, não é algo a que só o Filho de Deus possa almejar, mas o ideal por que cada ser humano deve se nortear. A Ressurreição, por sua vez, confirma a crença na vida eterna e indica que os homens podem ganhar um lugar ao lado do Criador.

São tantas as facetas contidas nessa equação que não é de admirar que Jesus tenha adquirido representações tão diversas ao longo dos séculos – e que elas muitas vezes convivam no tempo, já que a cristandade nunca primou pelo caráter homogêneo. Nos primeiros séculos da Igreja, Jesus era quase sempre representado num trono, com uma esfera que simboliza o mundo nas mãos. Era o chamado Pantocrator, a palavra grega para "senhor de todas as coisas". Sob forte influência da filosofia helênica, o que se acentuava aí não era a dimensão humana de Jesus, mas, ao contrário, a sua majestade – a garantia de que o mundo seria regido por uma ordem eterna e superior. Talvez não por coincidência, esse era o momento em que o Império Romano se esfacelava e a sensação de caos institucional se aguçava – embora associações diretas entre os eventos históricos e a espiritualidade cristã quase sempre resultem em explicações demasiadamente simplificadas de uma coisa e de outra.

O interregno entre a Antiguidade e a Idade Média é um dos períodos mais obscuros da história da civilização. Mas o que emergiu dele, nos séculos XII a XIV, é um outro Jesus – o Cristo humano. Vêm dessa época as imagens de Cristo crucificado e a ênfase nas suas chagas, seu sangue e sua dor. Um emblema dessa guinada é São Francisco de Assis, que devolveu suas vestes ao seu pai rico e renunciou a todas as posses materiais. Atribui-se a Francisco a invenção do presépio, que é um conduto para esse Cristo de carne e osso – a criança, o pobre, aquele que partilha a condição humana no que ela tem de mais simples e humilde. É como se Francisco e as santas místicas como Catarina de Siena e Santa Brígida tivessem em Cristo uma pessoa próxima e amiga, uma figura de conforto à qual se ligavam de forma quase que afetiva.

Essa tendência a acentuar a concretude de Cristo teve um seguimento dos mais relevantes para a história ocidental com Santo Inácio de Loyola, que fundou a Companhia de Jesus, no século XVI. Para os jesuítas, que se tornariam altamente influentes tanto em assuntos religiosos como terrenos, o sentimento para com Cristo beirava o companheirismo. Os jesuítas se consideravam soldados de Jesus e o tinham como um modelo, ético e de vida, do qual todos poderiam se aproximar. Se essa noção parece moderna, não é por acaso. A espiritualidade cristã passava por um momento de descoberta do eu, do sujeito, e buscava um caminho para incorporá-lo à dimensão religiosa. No século XVII, São Francisco de Salles escreveu um livro de grande impacto, Introdução à Vida Devota, no qual defendia que não era preciso se recolher a um mosteiro para imitar Cristo. As pessoas que tinham família ou profissão na vida comum e não tencionavam deixá-las também podiam viver uma vida cristã plena. Com modificações e alguma simplificação, é essa a linha de pensamento que guia importantes correntes da atualidade, como o protestantismo liberal e o espiritismo kardecista. Jesus, para essas denominações, é fundamentalmente um exemplo ético – aquele que ensinou a praticar o bem e a solidariedade. Ou, no caso dos kardecistas, o mais iluminado entre os espíritos de luz e o comandante de um colegiado de espíritos encarregados de transmitir a sua boa-nova – é esse o significado da palavra evangelho. Não há dúvida de que esses são preceitos positivos. Mas eles se colocam relativamente à margem da tradição cristã por tirar de Jesus a dimensão mística que esta considera inalienável, a da ligação com o Pai.

Não é coincidência que a diocese de São Francisco de Salles ficasse na Suíça, onde então se desenrolava a Reforma Protestante. Ela aflorou na Europa por razões políticas e também como resposta ao anseio por uma espiritualidade mais interiorizada, sem o exagero de festas, procissões e sinais de fé quase sempre exteriores que marcaram o cristianismo medieval. Por causa disso, e também por causa da revolta contra a riqueza da Igreja Católica, luteranos, calvinistas e as várias outras correntes protestantes viriam a se desfazer de símbolos que, em seu entender, haviam nascido da instituição, e não da religião. Pode-se até dizer que os protestantes viam na profusão de santos, imagens e crucifixos e na imensa devoção católica à figura da Virgem Maria um quê de panteísmo. Tudo isso foi recusado pelo protestantismo, que passou a se pautar por ideais de austeridade absoluta e por uma consciência aguda do pecado, num ideal de renúncia que sempre foi uma forte inspiração dentro do cristianismo.

Um dos aspectos mais impressionantes do cristianismo é a maneira como ele se misturou à trama das civilizações – quando não é o próprio fio de que elas foram tecidas. Num mundo pós-11 de setembro, em que as tensões entre o Ocidente e o mundo muçulmano se tornaram tão acirradas, pode ser difícil imaginar que a figura de Jesus seja um dos tijolos do islamismo. Mas Maomé, o grande profeta do Islã, costumava se retirar no deserto para refletir sobre os ensinamentos de Cristo, e tanto este quanto a Virgem Maria são citados em vários pontos do Corão, o livro sagrado do islamismo. Os seguidores de Maomé não acreditam que Jesus seja o Filho de Deus, já que o Corão diz que Alá não gerou nem foi gerado, e repudiam a Santíssima Trindade, que violaria o conceito da unicidade de Deus. Mas consideram Jesus um dos grandes profetas e admitem a concepção imaculada – Maria teria engravidado de Cristo, ainda virgem, por intercessão divina. Os muçulmanos também aguardam a volta de Jesus, mas não crêem na crucificação. Segundo eles, Alá teria poupado Cristo, fazendo com que aqueles que olhassem para a cruz vissem seu rosto no de um outro homem. Essas diferenças teológicas mais séculos de hostilidades, das quais as Cruzadas são um dos ápices mais trágicos, fizeram os caminhos de cristãos e maometanos divergir, mas não suas perspectivas sobre a religião como instrumento de fraternidade.

Como no caso das Cruzadas ou da Inquisição medieval, em que os padres atiravam à fogueira os suspeitos de heresia, os pecados da Igreja Católica muitas vezes se confundiram com a fé cristã. Mas apenas momentaneamente. O cristianismo tem mostrado uma resistência espetacular, e se recompõe a cada revés ou ataque. "Apesar de toda a decadência da Igreja, Jesus Cristo nunca foi perdido", observa o teólogo suíço Hans Küng, que participou do Concílio Vaticano II, entre 1962 e 1965, e anos mais tarde se indispôs violentamente com a instituição. "O nome de Jesus Cristo é como um fio de ouro na tapeçaria da história da Igreja. Embora muitas vezes a tapeçaria esteja rota e encardida, aquele fio é sempre usado de novo", completa Küng. Como na parábola, Jesus sempre tem outra face a oferecer.

Poucos episódios ilustram tão bem essa perenidade quanto os golpes desferidos contra a religião pelo iluminismo, nos séculos XVIII e XIX, e os subseqüentes movimentos racionais e materialistas. Quanto mais se sofisticavam os métodos de pesquisa histórica e mais se afinavam os instrumentos da filosofia, menos lugar parecia haver para o dogma e os atos de fé. Tudo aquilo que está no Novo Testamento era tido como de origem duvidosa. Chegou-se a dizer que a existência de Jesus – hoje amplamente comprovada – era uma fraude. As marcas deixadas por essa maré foram profundas. O protestantismo se abriu para algum questionamento, a separação entre Igreja e Estado se consumou em todo o mundo ocidental e, nos países que adotaram regimes socialistas, as religiões foram proibidas. Mas o mundo cristão não encolheu. O padre Alberto Antoniazzi, teólogo e diretor do projeto Pastoral de Belo Horizonte, lembra-se de uma passagem ilustrativa: "Em 1850, o francês Auguste Comte sonhava que, em poucos anos, ele pregaria o racionalismo na Catedral de Notre-Dame. Mas o iluminismo não deixou de ser um fenômeno restrito a algumas elites, e Notre-Dame continua consagrada. Comte, enfim, se mostrou um mau profeta".

Abolir a fé cristã, como desejava Comte, é uma operação impossível, por obra da riqueza de significados de Jesus. Basta dizer que, no século XIX, ele inspirou vários movimentos de operários, que viam em Cristo o primeiro socialista. É uma espécie de licença poética, ou política, que na história recente foi adotada também pela Teologia da Libertação, uma ala de esquerda da Igreja Católica que floresceu durante o apogeu das ditaduras latino-americanas. Trata-se de uma licença porque, embora Jesus de fato tenha visado a instaurar relações humanas mais solidárias, ele sempre o fez pela ótica da reforma religiosa. A mensagem dos Evangelhos é clara: os homens devem amar-se uns aos outros porque essa é uma forma imprescindível de manifestar o amor a Deus. Essas visões corretas, mas incompletas, de Cristo são um dos maiores desafios que a cristandade enfrenta hoje. Quantas vezes, por exemplo, não se ouve alguém pedindo a ajuda de Jesus para os assuntos mais banais? No trato popular, ele virou quase que um intercessor entre os crentes e uma esfera que mal-e-mal se poderia chamar de divina. "É humanamente compreensível, claro. Mas o que a Igreja quer é que Jesus seja um exemplo, e não um orixá a mais", diz o padre Antoniazzi.

Mesmo correntes que vieram engrossar os cordões do cristianismo em tempos recentes não escapariam a essas críticas. A ênfase, hoje, se coloca sobre a festa, o louvor e a celebração. São sentimentos legítimos. Mas, para quem deseja compreender Cristo com algum equilíbrio, eles não podem se manifestar em detrimento de outros, menos prazerosos. Também fazem parte da experiência de Jesus o recolhimento, a dor, a penitência e a abnegação. Estes, porém, andam em franco desuso, e a causa pode ser mais cultural do que espiritual. O despreparo para lidar com a contrariedade é um efeito perverso da atual capacidade do homem de dominar seu mundo. Assim como qualquer amenidade tecnológica, espera-se que Deus nos sirva e nos seja fiel, quando o sentido da cristandade sempre esteve no contrário.

No reverso da medalha, a liberdade para abraçar a fé como uma opção pessoal, e não como uma imposição, é uma conquista a ser comemorada. Ela é um caminho para uma espiritualidade nascida da convicção e capaz de devolver ao homem uma dimensão que não raro é triturada por uma sociedade que valoriza tanto o poder e a eficácia. Sem essa liberdade, não haveria também o ecumenismo, ao qual o Concílio Vaticano II promovido pelo papa João XXIII dedicou tanta atenção no início dos anos 60, no intuito de reafirmar a supremacia do Evangelho sobre os detalhes da liturgia. Quando protestantes, católicos, ortodoxos e todos os outros cristãos dão mais valor àquilo que os une do que às barreiras que os separam, pode-se imaginar o sentido de comunhão propiciado pela expressão "irmãos em Cristo", com que os primeiros convertidos se saudavam. O significado é ainda maior quando as celebrações envolvem cristãos, judeus, muçulmanos, budistas ou quem mais queira se juntar a elas: trata-se de reconhecer que os caminhos, embora diversos, visam a levar a um mesmo destino. Como lembra o americano Wayne A. Meeks, professor de estudos bíblicos da Universidade Yale, é mais ou menos isso que imaginava Paulo de Tarso, um judeu que se converteu ao ter uma visão de Jesus. Fundador, junto com São Pedro, da Igreja cristã, São Paulo estava convencido de que, nos planos de Deus, a separação entre judeus e gentios não poderia ser permanente. Os fatos provam, contudo, que essa união só é possível no campo da ética. Para os judeus, a idéia de que Deus tenha sacrificado Seu filho na cruz, ou que um inocente deva morrer pelos pecados de outros, é inaceitável. Nos meios judaicos mais liberais, que não rejeitam o cristianismo como uma religião espúria, Jesus é, no entanto, objeto de respeito como pregador dos ideais universais da fé judaica, e seus ensinamentos são refutados apenas na medida em que conflitam com as escrituras.

Tanto São Paulo como São Pedro foram torturados e executados em Roma, numa das inúmeras levas de perseguição promovidas pelo Império nos primórdios da era cristã. Milhares de outros cristãos menos ilustres tiveram um fim idêntico, na maioria das vezes sem que isso os demovesse de testemunhar sua fé em Cristo. Essa determinação levanta uma questão fundamental: o que, afinal, há de tão particular nessa crença que levou tanta gente a, em nome dela, arriscar-se ao ostracismo social e até à morte dolorosa? O sociólogo Rodney Stark dedicou um livro, A Ascensão do Cristianismo, a responder a essa pergunta, e chegou a conclusões que são motivo de regozijo para boa parte daqueles que viveram nesses dois milênios seguintes ao advento de Cristo. Stark lembra que, aos olhos atuais, os deuses pagãos da Antiguidade parecem entidades triviais. Seus poderes e preocupações tinham limites meio ridículos, e sua moral era duvidosa. Conforme acreditavam seus seguidores, os deuses brigavam entre si e pregavam peças de mau gosto nos homens. Para um pagão, a noção de que um deus poderia amar o mundo ou se preocupar com a maneira como os seres humanos tratam uns aos outros soaria absurda. Nunca, no mundo antigo, uma religião formulou um preceito como o que norteia o judaísmo e o cristianismo – o de que Deus ama aqueles que O amam. Ao contrário, a filosofia clássica dizia que a misericórdia era um defeito de caráter. Por conferir alívio sem que algum preço tivesse sido pago por ele, ela seria contrária à justiça. Para ir da teoria à prática, basta dizer que esse era um tempo em que se festejava o aniversário do filho do imperador lançando homens e mulheres às feras, para deleite do menino e da plebe.

Foi nesse clima, que hoje apreendemos como abominável, que Jesus trouxe o ensinamento de que a misericórdia e a caridade são virtudes cardeais, e que não é possível agradar a Deus a não ser que nos amemos uns aos outros – não só à família, à tribo ou aos cristãos, mas também aos que estão fora desse círculo e porventura sejam nossos inimigos. Aí estava uma idéia revolucionária, diz Stark, à qual valia a pena se agarrar no brutal mundo romano. Os cristãos transformaram em metáfora o seu desejo, herdado do judaísmo, de ser um único povo sob um único Deus. Puseram-se a demolir as infinitas barreiras étnicas (e os ódios acarretados por elas) do Império Romano, para receber todo e qualquer convertido em suas fileiras. Com isso, conceberam uma cultura sem raça, de tons cosmopolitas. Essa herança permanece. Dentre as grandes religiões praticadas hoje no planeta, o cristianismo é a única que não está primariamente vinculada a traços étnicos. O mundo cristão foi, por assim dizer, o primeiro mundo globalizado da história da humanidade.

Rodney Stark afirma ainda que o cristianismo modulou as diferenças de classe e de sexo que eram tão gritantes na Antiguidade. O uso do "irmãos em Cristo", proferido mutuamente por nobres e escravos, homens e mulheres, não era mera retórica. Desses costumes nasceram a solidariedade e a noção de assistência social (além de um embrião de democracia popular), que hoje é tão cara ao mundo civilizado. Foram os cristãos – ainda na condição de proscritos – os fundadores dos primeiros hospitais e asilos. Quando o cristianismo já era a religião oficial do Império – condição que alcançou com a conversão do imperador Constantino, em 313 –, o papa Gregório Magno fez do assistencialismo uma prioridade, empregando as doações dos poderosos para criar um ambiente de estabilidade social que os próprios governantes não eram capazes de proporcionar. Acima de tudo, porém, o cristianismo trouxe uma nova moral a um mundo saturado de crueldade casual e de paixão pela morte alheia, nas palavras de Stark. Uma moral que conferiu aos homens sua humanidade e na qual a virtude é a sua própria recompensa – sob cuja égide ainda vivemos, independentemente de crença, e que ainda estamos muito longe de alcançar plenamente. Está aí uma prova cabal de modernidade.

Por: Isabela Boscov - Revista Veja

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Paul Tillich


Suas datas foram de 1886-1965. Nasceu na Alemanha, mas viveu boa parte de sua vida nos Estados Unidos, onde foi professor no Seminário Teológico União, em Harvard e na Universidade de Chicago. Foi um teólogo-filófoso e representante do existencialismo religioso.

Tillich abordava questões humanas com a teologia e as correlacionava até com a economia, as ciências e outros campos de estudo. Usava também a história para construir teologia. Ensinava que a teologia deve unir-se ao empreendimento humano, pois isso a completa e a livra de erros já cometidos na história. É portanto necessário que a teologia correlacione com a política, a ciência, a sociologia, a ética, a antropologia e etc.

Devido sua visão existencialista, dizia que a teologia sistemática deve ter também caráter apologético, analisando a situação do homem em geral, trazendo uma aplicação do evangelho. Usava muita linguagem simbólica, pois cria que o símbolo pode ter mais resultado que a mensagem direta. Os símbolos apontam para a realidade, mas a realidade não resolve os mistérios da vida. Nossos conhecimentos são sempre fragmentados e nunca trará a nós uma resposta de todos os mistérios da vida.

Questões como ”céu e inferno” não podem ser literalmente interpretados, pois essas questões apontam para uma realidade mais concreta. Para Tillich, fé é a coragem de existir, essa é uma definição bem existencialista, e redenção é o homem ser um novo ser.

A explicação tillichiana de Deus está no campo do existencialismo, pois afirma que Deus é o ser em si mesmo, sendo a resposta para o homem e para a história. Deus também, ao ser o ser em si mesmo, ele passa a ser o fundamento infinito e inesgotável da história. O homem vive alienado, sendo o pecado uma alienação, e sendo a resposta ou solução para essa alienação existencial o Novo Ser em Cristo. Esse teólogo não via a filosofia como inimiga da teologia, pelo contrário, Tillich não é somente um teólogo ou filósofo, mas é um teólogo-filósofo, isso é claramente percebido em suas obras; em seu livro intitulado “Perspectivas Da Teologia Protestante Nos Séculos XIX e XX”, o casamento entre o discurso teológico e a visão filosófica faz dessa obra um livro rico em conhecimento e que aguça no leitor um desejo de conhecer mais.

Apesar de Tillich falar muito sobre os símbolos e as linguagens antropomórficas, ele também dizia sobre a morte dos símbolos, ou seja, de acordo que nosso conhecimento cresce e amplia, os símbolos vão perdendo força e a realidade se aproxima mais de nossas concepções.

Tillich era um pouco cético em relação às definições de Deus, pois cria que o homem nunca terá a definição verdadeira de Deus, o máximo que pode acontecer é termos uma definição expansiva, mas não completa.

Suas obras principais foram: The courage to be, The protestant era, Dynamics of faith, A history of Christian thought, Perspectives on 19th and 20th century protestant theology, Systematic theology

Karl Barth


Nasceu em 1886, em Basel, na Suíça. Era um teólogo reformado, porém também era pastor. Em 1911 pastoreou em Safenwyl. Em 1921 foi professor de teologia reformada em Goettingen, em 1925 foi professor em Muenster-in-Westphalia e em 1930 foi professor em Bonn. Em 1935 os nazistas o exilaram, e então ele foi professor em Basel até 1968, ano de seu falecimento.

Ele foi aluno de Harnack, e foi influenciado pelo neokantianismo e por Kierkegaard e também pelo socialismo de Ragaz e Kutter. Quando a teologia liberal estava no auge, ele se rebelou contra seus professores e em 1919 escreveu seu comentário sobre o livro de Romanos, onde praticamente começou a surgir uma nova ortodoxia. Teve influência do reformador Calvino, principalmente por volta de 1925. Enfatizava a teologia bíblica, porém com conclusões racionais.

Era um homem de caráter forte e de propósitos e entrou em conflito contra a igreja do estado nazista. Muitos acham que Karl Barth era liberal, mas na realidade ele não gostava do liberalismo religioso e até se manifestava contra. Ele tinha o desejo de retornar a teologia à bíblia e aos princípios reformados. Enfatizou a transcendência de Deus e a realidade do pecado, como também a soberania de Deus, a graça e a revelação. Reconhecia que as escrituras têm imperfeições, mas que a bíblia é a fonte da revelação de Deus como também veículo.

Rejeitava o misticismo cristão, e dizia que os liberais falharam, sendo a solução para o mundo o retorno aos antigos princípios religiosos. Barth foi treinado no liberalismo alemão, talvez isso fez ele desapontar com o nazismo. Ele foi um grande expoente da teologia da crise, pregando que a Palavra de Deus é o registro da revelação do Transcendente. Sua teologia propriamente dita é interessante, pois ele achava que as idéias humanas sobre Deus eram meras especulações. A verdade se manifesta pela graça e não pela razão como era defendido por muitos na época.

Dizia que a religião têm tendências idólatras, ou seja, revelação era diferente de religião. As experiências místicas devem ser apoiadas nas escrituras e na tradição cristã. O ponto de partido da teologia de Barth era Deus e não o homem, sendo assim aceitava a cristologia clássica e o dogma da trindade, ou seja, suas análises teológicas partia de cima, da trindade, da revelação, da graça, e não das necessidades do homem. Suas principais obras foram: Epistle to the Romans,1919; Word of God and Word of Man, 1928; Anselm, 1931; Church Dogmatics, 4 volumes, 1923-1935; Credo,1935; Dogmatics in Outiline,1947; Evangelical Theology, an Introduction,1962.

Fonte: ejesus cristianismo on line

domingo, 12 de agosto de 2007

O Pastor e o Ateu

Charles Bradlaugh, que foi em certo tempo o ateu mais notável na Inglaterra, desafiou o pastor Charles Hugh Price para um debate. Foi aceito o desafio e o pregador, por sua vez, desafiou o ateu da seguinte maneira: como todos sabemos, Sr. Bradlaugh, “o homem convencido contra a própria vontade mantém sempre seu ponto de vista”, e, visto que o debate, como ginástica mental que é, provavelmente não converterá a ninguém, proponho-lhe que apresentemos algumas evidências concretas da validade das reivindicações do cristianismo na forma de homens e mulheres redimidos da vida mundana e vergonhosa pela influência do cristianismo e pela do ateísmo. Eu trarei cem desses homens e mulheres, e desafio-o a fazer o mesmo.

Se o Sr. Bradlaugh não puder apresentar cem, contra os meus cem, Ficarei satisfeito se trouxer cinqüenta homens e mulheres que se levantem e testifiquem que foram transformados duma vida vergonhosa pela influência dos seus ensinos ateus. Se não puder apresentar cinqüenta, desafio-o a apresentar vinte pessoas que testifiquem com rostos radiantes, como o farão os meus cem, que tenham um grande e novo gozo na sua vida elevada, em resultado dos ensinos ateus. Se não puder apresentar vinte, ficarei satisfeito se apresentar dez. Não, Sr. Bradlaugh, desafio-o a trazer um só homem ou uma só mulher que dê tal testemunho acerca da influência enobrecedora dos seus ensinos. Minhas pessoas redimidas trarão prova irrefutável quanto ao poder salvador de Jesus Cristo sobre as suas vidas redimidas da escravidão do pecado e da vergonha. Talvez, senhor Bradlaugh, essa será a verdadeira demonstração da validade das reivindicações do cristianismo.

O Sr. Bradlaugh retirou o seu desafio!

terça-feira, 17 de julho de 2007

Amar bonito

Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: Aprendam a fazer bonito seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender...

Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo: bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção.Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

Aí, esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam,descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões.

Sim, de razões.

Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira!!!

Ter razão é um perigo: em geral, enfeia um amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.

Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possível? Talvez não.

Cheio ou cheia de razões, você separa do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre e, sofrendo, deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomenda-se: encabulamentos, ser pego em flagrante gostando, não se cansar de olhar e olhar, não atrapalhar a convivência com teorizações, adiar sempre se possível com beijos 'aquela conversa importante que precisamos ter', arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca.

Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível.

Quem ama bonito não gasta tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter. Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como criança de nariz encostado na vitrine cheia de brinquedos dos nossos sonhos); não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade, abrir o coração, contar a verdade do tamanho do amor que sente; não dar certo e depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito).

Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabiamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteiras, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os caminhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu estou com vontade.

Deixe o seu amor ser a mais verdadeira expressão de tudo que você é. Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições.

Cuide agora da forma do amor: Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide de você.

Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

Autor: Arthur da Távola.

Os monges e a jovem formosa

Conta uma lenda que dois monges atravessam uma área deserta e, diante de um rio violento, avistaram uma linda jovem que tentava atravessá-lo sem sucesso. Um dos monges, não sem dificuldades, atravessou o rio e, colocando a mulher em suas costas, conseguiu atravessar o rio em segurança. A jovem abraçou-lhe agradecida, comovida com o seu gesto, e seguiu seu caminho.

Retornando da jornada, o outro monge, que assistiu a tudo calado, repreendeu o amigo, falando do contato carnal que houve com aquela jovem, da tentação de ter aquele contato mais direto com uma mulher, o que era proibido pelas suas leis. E durante um bom trecho do caminho, esse monge falou sobre a mulher e sobre o pecado cometido até que aquele que ajudou a jovem na travessia falou: - Querido amigo, eu atravessei o rio com a jovem e lá eu a deixei, mas você ainda continua carregando-a em seus pensamentos.

Fonte: domínio público

A Gratuidade do Amor

A melhor definição de Graça no sentido religioso de um dom de Deus, específico, deu-a, há uns 60 anos o padre português José Lourenço: “ Graça é um dom sobrenatural que Deus nos concede gratuitamente e pelos merecimentos de Jesus Cristo, para podermos santificar a nossa vida e obter a nossa salvação eterna. A Graça é um bem maior que todos os bens do Universo” (...)

Só este período já dá para escrever um tratado que minhas trinta linhas deste canto de página, não permitem. Vou falar de amor, não vou falar de religião, mas vou falar da expressão “gratuitamente”. Pena que o caráter mercantil do século vinte transformou o conceito de dom gratuito e as palavras, tanto Graça e Gratuito em termos econômicos. Graça chegou a ser até sinônimo de coisa para rir.

O grande sentido do amor (a Deus, a alguém, ao país) é ser gratuito. Diria mais: só é amor quando é gratuito. Por gratuito entenda-se algo que se estabelece com total verdade, desinteresse e autenticidade, independente até da vontade.

Por isso, o amor nos traz possibilidades sempre novas, um vigor peculiar antes inexistente em nós. Diferente da Paixão que é tudo isso em estado de exaltação febril, por isso passageiro. A gratuidade do amor é a sua conexão com o mistério de cada existência humana e dos desígnios impossíveis de serem alcançados por nossa inteligência. Existe porque existe. Independe de causa. É só efeito.

Segundo os teólogos, a Graça é comunicada diretamente por Deus através de meios nem sempre perceptíveis mas bem definidos: quando nos inspira a um bom pensamento, alguma obra, ainda que humilde, para o bem. O conceito vai tão longe, no plano religioso, que o apóstolo São Paulo chegava a dizer: “ A Graça de Deus é a vida eterna em Nosso Senhor Jesus Cristo”.

A gratuidade do amor é a presença da Graça entre dois seres humanos. Por isso sempre digo: quando é amor a gente sabe. Ficou em dúvida, vacilou, pode ser tudo de bom porém amor não é. O amor é a despeito, é além, é sobre, é apesar. Existe e se manifesta com uma inviolável certeza. A forma talvez mais evidente do amor é o maternal ou o paternal. Não há explicações para o ser humano amar os filhos. Ele apenas ama, gratuitamente. É a presença de um dom especial dotado pelo Mistério através do qual Deus manifesta um desejo de bem, de construção de uma nova vida.

Sim, o amor é gratuito e nisso consiste a sua maravilha e a sua superioridade. E como dizia o sábio padre português José Lourenço: “A Graça já é um princípio da vida celeste em nós; é Deus vindo até nós com o seu auxílio para nos elevarmos até Ele”.

Autor: Artur da Távola

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Prece Árabe

Deus, não consintas que eu seja
carrasco que sangra as ovelhas,
nem uma ovelha nas mãos dos algozes.
Ajuda-me a dizer sempre a verdade
na presença dos fortes
e jamais dizer mentiras para ganhar
os aplausos dos fracos.

Meu Deus! Se me deres a fortuna,
não me tires a felicidade;
se me deres a força, não me tires a sensatez,
se me for dado prosperar, não permita que
perca a modéstia, conservando apenas
o orgulho da dignidade.

Ajuda-me a apreciar o outro lado das coisas,
para não enxergar a traição dos adversários,
nem acusá-los com maior severidade
do que a mim mesmo.

Não me deixes ser atingido pela ilusão
da glória, quando bem sucedido e nem
desesperado quando sentir o insucesso.
Lembra-me que a experiência de um fracasso
poderá proporcionar um progresso maior.

Ó Deus! Faze-me sentir que o perdão
é maior índice de força, e que a vingança
é prova de fraqueza. Se me tirares a fortuna,
deixe-me a esperança.

Se me faltar a beleza da saúde,
conforta-me com a graça da fé.

E quando me ferir a ingratidão
e a incompreensão dos meus semelhantes,
cria em minha alma a força
da desculpa e do perdão.

E, finalmente Senhor, se eu Te esquecer,
nunca Te esqueças de mim!

Conselhos de um velho apaixonado

Carlos Drummond de Andrade

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu. Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Algo do céu te mandou um presente divino: O AMOR!

Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida. Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...
Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio.Por isso, preste atenção nos sinais.Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR !!!

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Hexacosioihexecontahexafobia

Você sabia...?

Hexacosioihexecontahexafobia -- sim, é uma palavra complicada! -- é o nome dado ao medo do número 666.

Este temor advém da crença nas implicações malignas do número da Besta, citado no Apocalipse de São João 13:18. Devido à relação do número com o Mal, muitos consideram como algo a ser evitado, uma superstição.

Os indivíduos hexacosioihexecontahexafóbicos tendem a evitar não somente o número 666, mas também, em casos mais raros, qualquer coisa que lembre este número. Um dos mais famosos casos de Hexacosioihexecontahexafobia foram o do presidente americano Ronald Reagan e sua esposa Nancy, quando mudaram o número de sua casa em Bel Air (L.A., California) de 666 para 668.

A BESTA NOS ESCRITOS CRISTÃOS PRIMITIVOS

Parece que o primeiro escritor cristão a tentar decifrar a besta do apocalipse foi Ireneu em sua obra "Adv. Haer. V, 30,3". Ele sugeriu vários nomes dentre os quais Lateinos (Latino) e Teitan (Titã). A transliteração destes nomes somados dá o valor 666. Também o nome “Neron Caesar” (César Nero) em grego vertido para o hebraico dá 666:

N V R N R S Q
50 + 6 + 200 + 50 + 200 + 60 + 100 = 666

Na forma latina (tirando-se o “n”) o número varia para 616. Parece que esta era a interpretação mais convincente para os cristãos primitivosm, tanto que dois pequenos manuscritos do Apocalipse, que hoje já não mais existem, trazia 616 ao invés de 666.

domingo, 10 de junho de 2007

Constrangidos pelo amor: do ateísmo para Cristo

Alderi Souza de Matos

Ao longo da história, não têm sido muito comuns os casos de ateus que se converteram à fé cristã. Em primeiro lugar, isso se deve ao fato de que, durante muito tempo, o número de ateus declarados foi bastante reduzido. O fenômeno do ceticismo religioso tem sido mais visível nos últimos séculos, especialmente a partir do Iluminismo. Em segundo lugar, o ateísmo, quando resulta de uma decisão intelectual consciente e deliberada, é uma posição da qual o indivíduo não é demovido com facilidade. Entretanto, se a incredulidade em suas diversas formas for entendida de maneira mais abrangente, incluindo a indiferença em relação a Deus ou o ateísmo prático, é possível encontrar um maior número de histórias de conversão. Os casos a seguir são uma pequena amostragem dessas diferentes situações, partindo de exemplos pouco conhecidos para concluir com aquele que talvez seja um dos mais famosos ateus convertidos a Cristo nos últimos tempos.

Uma viagem transformadora

O inglês Musgrave Reid, que narrou a sua conversão no livreto From Atheism to Christ (Do Ateísmo para Cristo), havia sido batizado e confirmado na Igreja Anglicana. Com o passar dos anos, desiludiu-se com a igreja e com a fé cristã, vindo a tornar-se discípulo de Charles Bradlaugh, um conferencista ateu. Mais tarde tornou-se secretário da Sociedade Fabiana de Manchester, secretário da Associação Socialista de Lancashire e secretário-geral do Partido Trabalhista Independente. Manteve-se incrédulo por vinte anos.

Sua conversão ocorreu numa viagem de negócios aos Estados Unidos, na qual percorreu todo o país, visitando 62 cidades. Em certa ocasião, atravessando de trem as Montanhas Rochosas cobertas de neve, a 4.500 metros de altitude, ele ficou tão impressionado com o deslumbrante cenário que a sua mente começou instintivamente a buscar uma explicação para aquelas maravilhas. Ao mesmo tempo, começou a questionar as suas posições materialistas, influenciadas em parte pela recente teoria evolucionista. Ele mesmo narra a sua experiência: “Imperceptivelmente, descobri que a minha mente estava experimentando uma mudança. Surgiu um irresistível senso de deslumbramento e a reverência se insinuou em meus pensamentos... Caí de joelhos e clamei: ‘Ó Deus, se tu existes, revela-te!’ Pedi luz e a luz veio como uma torrente”. Tudo isso aconteceu enquanto ele tinha em mãos um dos livros de Robert G. Ingersoll (1833-1899), o conhecido advogado e orador materialista norte-americano.

Voltando para a Inglaterra, o processo de conversão de Reid se completou com a leitura da Bíblia, e especialmente com as palavras de João 3.16. Agora ele não somente cria na existência de Deus, mas o conhecia como aquele que se revelou em Cristo e na cruz. Durante o restante da sua vida, Reid contou aos outros o que Deus havia feito por ele.

O exemplo de um subalterno

Um dos maiores pregadores do Estados Unidos no final do século 19 e início do século 20 foi Russell H. Conwell (1843-1925). Conwell foi um valoroso capitão na Guerra Civil Americana (1862-1865), mas era um firme adepto do ateísmo desde que estudou na Universidade de Yale, para desgosto do pai, um piedoso metodista. Na guerra, ele teve como ordenança um jovem cristão chamado John Ring, a quem Conwell proibia de ler a Bíblia em sua barraca. Durante um batalha na Carolina do Norte, Conwell se esqueceu de levar consigo uma espada folheada a ouro que muito apreciava. O jovem ordenança passou pelas linhas inimigas e pegou a espada, mas ao atravessar uma ponte em chamas sofreu graves queimaduras. Antes de morrer no hospital, deixou uma mensagem para o seu capitão: “Eu queria dar-lhe a sua espada, e então ele saberia o quanto eu o amava”.

Depois disso, Conwell não foi mais o mesmo. Após ser deixado como morto em uma batalha e ter passado por um período de grande aflição interior, ele finalmente encontrou a paz. Sua oração foi: “Senhor, ajuda-me a fazer o meu trabalho e também o trabalho do meu heróico jovem soldado”. Ele se tornou um afamado pregador, foi o criador e o primeiro presidente da Universidade Temple (em Filadélfia), batizou mais de seis mil conversos e fundou três hospitais ligados à sua igreja. Quando morreu, foi enterrado com a espada que durante toda a vida lhe lembrou o fiel soldado John Ring.

Surpreendido pela alegria

C.S. Lewis (1898-1963) foi um dos cristãos mais destacados do século 20. Seus livros continuam sendo muito lidos e dentro em breve estreará nos cinemas do Brasil um filme baseado em uma de suas obras mais conhecidas, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. Lewis nasceu em uma família protestante residente em Belfast, na Irlanda do Norte. Desde pequeno, adquiriu um grande amor pelos livros. Quando estava com dez anos, a sua mãe morreu de câncer, o que o deixou profundamente magoado. Começou a ter dúvidas a respeito de Deus e quando foi para um internato tornou-se um ateu confesso. Educado por um professor particular, veio a ser grande conhecedor da literatura clássica e um pensador e escritor de grande capacidade crítica e analítica. Ao mesmo tempo, firmou-se ainda mais em seu ceticismo.

Nos anos seguintes, vários fatores o levaram à fé em Deus. Em primeiro lugar, o terrível sofrimento mental de um veterano de guerra que ficou hospedado por algumas semanas em sua casa e acabou morrendo de um ataque cardíaco. Lewis observou em uma carta: “... é um mundo miserável – e nós havíamos pensado que poderíamos ser felizes com livros e música!” Um segundo instrumento da sua conversão foi a leitura de autores cristãos como George MacDonald (Phantastes) e G.K. Chesterton (The Everlasting Man), que levantaram sérias indagações quanto ao seu materialismo. Finalmente, ele foi ajudado e desafiado por vários amigos cristãos, entre eles o escritor J.R.R. Tolkien. Em 1929, Lewis reconheceu que “Deus era Deus, ajoelhou-se e orou”. Dois anos depois, finalmente admitiu que Jesus Cristo é o Filho de Deus e se tornou um membro comungante da Igreja da Inglaterra. Nessa época era professor do Magdalen College, na Universidade de Oxford; mais tarde haveria de lecionar também em Cambridge.

Durante 30 anos, Lewis tornou-se um “evangelista literário”, comunicando a sua fé através de um grande número de livros para adultos e crianças, voltados para a apologética e o discipulado cristão. Escreveu, entre outros, O Retorno do Peregrino, Longe do Planeta Silencioso, Perelandra, As Crônicas de Nárnia, O Problema do Sofrimento, Cartas do Diabo a seu Aprendiz, O Grande Abismo, Cristianismo Puro e Simples, Até que Tenhamos Rostos (considerado por ele a sua melhor obra de ficção) e um livro autobiográfico, Surpreendido pela Alegria. Em 1956, Lewis casou-se com uma antiga admiradora, Joy Davidson, que morreu de câncer em 1960, três anos antes da morte do próprio Lewis.

Conclusão

Muitos ateus e agnósticos militantes procuram desqualificar relatos de conversão ao cristianismo semelhantes a estes. Eles geralmente argumentam que os indivíduos convertidos não eram ateus de fato, nunca abraçaram uma posição de incredulidade de modo consciente e racional. Insistem que a experiência religiosa carece de autenticidade, sendo sempre condicionada por experiências negativas, sofrimento ou medo da morte, entre outras causas. Todavia, deliberadamente esquecem que o materialismo também pode ser, e com freqüência é, condicionado por fatores externos com influências familiares, intelectuais e culturais. Do ponto de vista bíblico, o ceticismo é uma das mais dolorosas manifestações da rebeldia e ingratidão humana contra Deus (Sl 14.1-3; Rm 1.18-21), reprimindo e sufocando o senso do transcendente que existe no íntimo de cada um. As narrativas acima mostram que há esperança para os que não querem ou acham que não podem crer.

Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidadede Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. Fonte: site da Editora Ultimato.

sábado, 9 de junho de 2007

A Pós-Modernidade e a Singularidade de Cristo

por
Ricardo Barbosa de Souza

Vivemos o risco de um novo modelo de intolerância. Afirmar a centralidade da obra de Cristo já pode ser visto como preconceito.

Uma das contradições da cultura pós-moderna e globalizada é sua capacidade de romper fronteiras e preconceitos, tornando-a mais inclusiva e, ao mesmo tempo, criar outras fronteiras e preconceitos, tornando-a extremamente exclusiva e violenta. Nas últimas décadas, a civilização ocidental tem feito um enorme esforço para diminuir as distâncias entre as raças, romper com os preconceitos e a discriminação sociais e criar uma sociedade menos violenta e mais aberta à inclusão das minorias. Por outro lado, vemos uma enorme massa de excluídos que cresce a cada dia, transformando-se em alvos e agentes de violência e preconceitos jamais vistos.

Dentro do cenário religioso observamos um movimento semelhante. Se por um lado a diversidade é uma característica do mundo globalizado, ampliando os horizontes e quebrando barreiras sociais e culturais, por outro, vivemos o risco de um novo modelo de intolerância. A própria abertura criada pela sociedade impede que expressemos nossos valores ou crenças, mesmo que o façamos sem agredir ou violar o direito daqueles que não concordam com eles. Tudo em nome de uma tolerância que cria a ditadura de um pensamento monolítico.

A relativização dos valores morais, o rompimento das tradições e o colapso do modelo tradicional da família abriram espaço para a aceitação e inclusão dos novos modelos morais e sociais. Muitos desses modelos contrariam os princípios cristãos mais fundamentais e comprometem a saúde da sociedade; contudo, temos presenciado a reação de vários grupos que não admitem a contradição. Vivemos hoje o que o doutor James Houston chama de uma nova forma de fundamentalismo, o da “democracia liberal”, que impõe sobre nós a obrigação de aceitar e admirar tudo aquilo que contraria princípios e valores que fazem parte da consciência cristã.

Muitos cristãos sentem-se intimidados por não poderem expressar suas convicções religiosas ou morais diante do novo fundamentalismo. Nossa cultura tornou-se moralmente e religiosamente liberal e requer que todos sejamos igualmente liberais. Isso significa que, num futuro não muito distante, sejamos impedidos de falar da revelação bíblica do pecado ou mesmo de sustentar publicamente nossas convicções morais, sob o risco de sermos considerados preconceituosos.

Outro aspecto preocupante dentro do cenário globalizado é o futuro da centralidade da morte e ressurreição de Cristo para a vida e a espiritualidade cristãs. Imagino que, mais cedo do que pensamos, enfrentaremos uma forte resistência à afirmação bíblica de que Jesus é “o caminho”, “a verdade”, “a vida”, de que ele é “o único Senhor”, de que “não há salvação fora dele” e de que ele é o “único que pode perdoar nossos pecados”. Todas essas afirmações são, por si, uma agressão ao espírito “democrático” da sociedade pós-moderna.

Afirmar a exclusividade de Cristo implica na negação e rejeição de qualquer outro nome que possa nos reconciliar com Deus, e isso soa como um preconceito, uma forma de discriminação inaceitável. Afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus e que só ela traz a revelação do propósito redentor de Jesus é também uma afirmação que pode ser considerada preconceituosa, uma vez que nega todas as outras formas de revelação.

De certa forma, isso já vem acontecendo. A espiritualidade cristã pós-moderna vem se tornando cada dia mais light. Fala-se muito pouco sobre o arrependimento e o pecado; prega-se quase nada sobre a cruz e a ressurreição; as Escrituras vêm perdendo sua autoridade. Jesus vem sendo reduzido a um grande líder, alguém que nos deixou um bom exemplo para seguir – alguma coisa no mesmo nível de Buda, Ghandi, Dalai Lama ou outro grande líder da humanidade, mas nada muito além disso. Fala-se muito de um Deus que é Pai e nos aceita, ama, acolhe e perdoa, o que é certo e bíblico; mas corre-se o risco de, por trás dessa linguagem suave e atraente, embutir uma espiritualidade que pensa ser possível conhecer a Deus-Pai sem a mediação de seu Filho Jesus Cristo.

A primeira geração de cristãos pós-modernos já está aí. São crentes que pouco ou nada sabem da Palavra de Deus e demonstram pouco ou nenhum interesse em conhecê-la. Cultivam uma espiritualidade verticalista, com nenhuma consciência missionária, social ou política. Consideram tudo muito “normal” e não vêem nenhuma relevância na cruz de Cristo. Acham que a radicalidade da fé bíblica é uma forma de fanatismo religioso e não demonstram nenhuma preocupação em lutar pelo que crêem, se é que crêem em alguma coisa pela qual valha a pena lutar.

A espiritualidade bíblica e cristã encontra-se solidamente fundamentada nas Escrituras Sagradas, centrada na pessoa e obra de Jesus Cristo, alicerçada na revelação trinitária de Deus. É uma espiritualidade que leva em conta o pecado, não como uma categoria psicológica ou sociológica, mas como uma realidade teológica. Portanto, não será a cultura que haverá de determinar sua natureza, mas a antropologia bíblica. É também uma espiritualidade que, além de promover a oração, a comunhão e a intimidade com o Pai por meio de Cristo, envolve-nos com o Reino de Deus, estabelecendo novos paradigmas morais, políticos, econômicos e sociais que nem sempre comungam com a ordem estabelecida pela cultura. A espiritualidade cristã não é simplesmente uma forma de nos sentirmos bem em nossa busca religiosa, mas a forma como respondemos a Deus através da revelação de Jesus Cristo.

O cristão pós-moderno é hoje desafiado a experimentar uma espiritualidade que o coloque na fronteira entre a comunhão vertical da oração, meditação, contemplação e intimidade com Deus, e o compromisso horizontal com a missão evangelizadora, com os pobres, com a justiça e o serviço; entre a inclusão, buscando receber, acolher e amar os diferentes, mas também rejeitar, confrontar e lutar contra o pecado e todas as suas formas de escravidão e aprisionamento; entre o diálogo inter-religioso na procura por mecanismos sociais mais justos, mas também na afirmação e compromisso com as verdades absolutas da revelação bíblica.

Que o Espírito Santo nos dê discernimento e coragem para uma fé e um espírito comprometidos com o Deus da Aliança, preservando a identidade cristã, mesmo que isso nos custe alguns processos.

Ricardo Barbosa de Souza é conferencista e pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasilia.

http://www.monergismo.com/
Este site da web é uma realização deFelipe Sabino de Araújo Neto®
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Por que adoramos a Deus?

Deus é amor.

A bíblia é perfeita em usar o verbo ser. Em Deus sendo amor, pretendeu e comunicou este atributo da perfeição, criando tudo o que há, e tudo o que tem vida.

O amor é imperativo. Sim, a finalidade última de todas as coisas é o amor. Um Deus que permitisse que o amor fosse opcional, facultativo, não seria um Deus nem onipotente, nem sábio, nem soberano.

Por extensão, a Deus é devida a glorificação pelos seus atos, posto que por sua graciosa dádiva nos deu um mundo rico em formas, cores, nuances, utilidades, etc. A beleza de uma orquídea, a vastidão do céu azul, a formosura de uma noite estrelada, o beijo de quem ama, o afago de uma mãe, o abraço de um amigo, a docura de um favo de mel, o canto de um pássaro, o perfume das flores... inúmeras coisas belíssimas podemos contemplar com a visão e os demais sentidos. Tudo fornecido gratuitamente pelo Criador.

Por isto, para os que crêem, ilógico, irracional e incoerente é não render graças a um Deus generoso. Não porque Ele precise, mas porque isso Lhe é devido naturalmente. Da mesma forma que uma criança naturalmente ama um bom pai, os cristãos naturalmente amam a Deus, o qual nos amou primeiro.

Amamos o Altíssimo porque isto é um princípio justo.

domingo, 3 de junho de 2007

Ateísmo e Fé

Há algum tempo, um articulista do suplemento cultural de prestigioso jornal, reconhecendo a antipatia que a palavra ateu causa na maioria das pessoas, propôs, copiando a idéia de outros ateus americanos, que aquele nome seja substituído por outro mais simpático, com carga de significado positiva, por exemplo a palavra “brilhante” (bright no original), à semelhança do que fizeram os homossexuais ianques ao autodenominarem-se gays (alegres), para amenizar o antagonismo suscitado em outrem por seu modo de vida.

Os autores da “brilhante” idéia criaram um site com a lista dos maiores ateus da história, “para encorajar outros a assumir seu ceticismo, sua noção não-religiosa da realidade, sua dúvida em relação a entidades imateriais”, acrescenta o ateu nativo.

Outro americano, um biólogo, também gestor de um site, que logo aderiu ao movimento, anotou que “nós, os brilhantes, não acreditamos em fantasmas ou elfos ou no coelhinho da Páscoa – nem em Deus”.

Não há como deixar de sorrir ao ler a proposta, pela franqueza quase ingênua com que essas mentes “brilhantes” desvendaram em público as mais recônditas razões de seu ateísmo, que se entremostram sob a convencional ostentação vaidosa, baseada na pseudofundamentação científica de sua crença.

O ateísmo rejeita a natureza espiritual do homem, embora a sua mera existência e condição de ser racional clamem em favor dela. O ateísmo é, portanto, uma revolta contra a natureza. Daí a aversão que a própria palavra suscita - como bem observaram os proponentes da idéia - no comum das pessoas. Daí também a inutilidade de mudar-lhe o nome – “a rosa, com outro nome, teria o mesmo cheiro”, diz a Julieta de Shakespeare – pois certas coisas têm odor inconfundível com qualquer nome.

Não deixa de ser curiosa a solução proposta. Assim como a alegria genuína só pode florescer na conformidade com a própria natureza - e por isso mesmo os santos são com justeza chamados “Beatos” (felizes), pois realizaram a plenitude de sua individualidade num desabrochar espiritual – também a razão humana só refulge plenamente ao reconhecer a própria contingência, e sujeitar-se à suprema inteligência do Criador do universo.

Analogamente, a palavra “brilhante”, em sentido figurado, sempre significou “ilustre”, “próspero”, “arrebatador”, e também “feliz”, aplicando-se em especial àquelas mentes privilegiadas, capazes, não só de um relâmpago de súbita compreensão, mas também de reduzir as outras pelo fulgor da inteligência. Ao contrário, é um paradoxo autodenominarem-se “brilhantes” indivíduos cuja mente opaca, porque centrada num auto-suficiente narcisismo, revela-se mais impenetrável à luz da verdadeira intelectualidade. Para esses mais calharia o epíteto de “tenebrosos”.

Ao inverso do que procuram fazer crer alguns ateus, o ateísmo nunca é conseqüência de madura reflexão, ou resultante inelutável do conhecimento científico ou filosófico; é freqüentemente uma escolha pré-racional de ordem metafísica, fruto de orgulho e rebeldia, uma manifestação da puberdade intelectual, como a acne o é da biológica.

Para afirmar o próprio ego, o adolescente busca rejeitar a autoridade; a constatação é de psicologia elementar. Não é raro, nesta fase, a rebeldia juvenil manifestar-se como ateísmo Só que com o tempo o jovem normal supera essa etapa, insere-se como indivíduo e como ser humano na ordem hierárquica da sociedade e do mundo. Amadurece e torna-se adulto, freqüentemente retornando à fé aprendida na infância, numa volta superior da espiral de crescimento intelectual, ou, se não a teve, buscando com sinceridade respostas às grandes questões metafísicas, o que pode levar à conversão.

Pode dar-se que o ateísmo juvenil perdure por inércia na idade adulta, por falta de reflexão ou desinteresse; assim também há indivíduos “religiosos” por inércia, a carregar uma “fé” puramente social e convencional. Ateus (e crentes) deste tipo são em geral tolerantes, e, se bem formados, respeitadores das crenças alheias.

Coisa bem diversa é ateísmo militante, cujos aderentes encaram a descrença como dogma, e a destruição da fé em Deus como um apostolado. Esses, em sua revolta anti-espiritual contra a autoridade divina, fixam-se na adolescência, e elegem o próprio ego como deus de si mesmos. A posteriori, buscando justificativas racionais para a escolha feita, encantam-se ainda mais com a própria inteligência, sobretudo se adquiriram um cabedal de informações científicas e filosóficas, ou lograram reconhecimento da seleta igrejinha do mundo acadêmico, cujo shibboleth consiste precisamente na profissão de fé materialista e atéia.

Todavia, ao contrário do que propalam, sua opção nada tem de racional, explicando-se melhor por um processo emocional.

Ilustração exemplar desse processo é fornecida, numa narrativa autobiográfica, pelo jornalista e escritor Paulo Francis, ex-guru de uma geração de esquerdistas brasileiros antes de renegar o marxismo, o que o transformou ipso facto na besta-fera do seu antigo cortejo de aduladores

Francis, que infelizmente recalcitrou no ateísmo até sua morte repentina, assim descreve o episódio de sua “conversão”:

“Foi no estribo de um bonde, ... que, finalmente, cheguei à conclusão de que God não existia. Eu vinha discutindo comigo mesmo há (sic) meses, a polêmica mais difícil que já tive na minha vida, e, de repente, as peças do quebra-cabeça entraram todas no lugar. Uma sensação maravilhosa, uma prize (sic), o corpo todo se relaxou, o vento na cara ficou vivo, a mão no balaústre se fortaleceu (“Paulo Francis Nu e Cru”- Editora Codecri – Rio, 1976 – p. 89)”.

Como se vê, a opção ateísta nada tem de racional: onde se nota, no relato de um dos mais brilhantes e festejados intelectuais brasileiros do último quartel do século XX, qualquer indício de racionalidade? Onde o silogismo, onde a prova intelectual, onde o cabedal de informação científica que é alardeado pelos “brilhantes” como fundamento de seu ceticismo?

Ao contrário, a crer em Francis (e nada indica que o seu processo difira do de outros ateus, a não ser na sinceridade do relato), a opção pela descrença antes resulta de uma prise pré-intelectual que se aproxima curiosamente do que um zen-budista denominaria de “pequeno satori”. O processo vivenciado por ele guarda analogias com a técnica zen denominada koan: o praticante rumina continuamente durante longo tempo um paradoxo insolúvel (por exemplo: “como era meu rosto antes de nascer?”), até que a mente exausta rende-se e deixa ruir o arcabouço conceitual.

Isto permite que o indivíduo experimente uma súbita percepção da realidade sem a interferência dos processos mentais, cujo sintoma mais claro, no caso de Francis, foi a nitidez de suas sensações físicas: o vento no rosto, a força ao empunhar o balaústre. Ao mesmo tempo, “todas as peças do quebra-cabeças encaixaram-se em seus lugares”. Trata-se, obviamente, de uma experiência emocional, quase mágica, logo anti-racional.

A diferença é que o praticante zen interpreta essa experiência em termos da Weltanschhaung budista: “não há eu nem outro, apenas a natureza de Buda”, e a isto denomina satori, ou iluminação. Francis, sem essa referência, interpretou-a em termos de uma “conclusão” pela inexistência de Deus, quando o que se esfumara fora apenas a “idéia” de Deus por ele formulada: na verdade um ídolo modelado pela mente do próprio sujeito. Trata-se aqui, mais uma vez, do clássico erro do pensamento moderno, de tomar o “conhecer” pelo “ser”, a confusão entre gnosiologia e ontologia: “o que existe em minha mente é real; o que não existe em minha mente não é real”. Eis aí toda a tragédia do nosso tempo.

Por conseguinte, embora ostentados como de rigor pelos ateus falantes, tais como os auto-intitulados “brilhantes”, o descortino intelectual e o conhecimento científico nada têm a ver com o ateísmo. Muitos dos ateus mais empedernidos ostentam uma ignorância impenetrável sobre tudo o que não se relacione aos seus próprios conceitos, que a seu ver constituem nada menos que a enciclopédia do conhecimento.

Acreditando compor uma seleta elite, esses ateus, ao fazerem da própria descrença um dogma e da “ciência” uma seita, olham de cima para os que crêem em Deus, considerando-os como pessoas de mentes infantis, incapazes de escalar as alturas de sua própria compreensão. Isso os infla ainda mais de auto-importância e satisfação consigo mesmos.

Essa visão tem a vantagem suplementar de permitir a criação de uma moral “ad hoc”, da qual tudo que é penoso pode ser excluído. “Se não há Deus, tudo é permitido”, clama uma personagem de Dostoievsky”, creio que o Raskolnikov de ”Crime e Castigo”. Sendo assim, cada um pode gozar a vida como lhe parecer. Isso e mais o louvor dos doutos: que mais pode um ego desejar?

Como a inexistência de Deus carece de prova filosófica – ao contrário de sua existência, demonstrada racionalmente desde Aristóteles (vide artigo a tal propósito neste site) – o ateu inseguro, mas presunçoso, precisa reforçar a própria descrença (ou antes, crendice) pela corroboração de outros egos e o aplauso público.

Daí a necessidade de criar um site com o rol dos ateus famosos, em cuja seleta companhia o ateu medíocre complacentemente se coloca, “brilhante” entre seus iguais, mas olimpicamente acima da humanidade ordinária. Apenas, infelizmente, não se podem incluir naquele rol Aristóteles, fundador da ciência ocidental; nem Descartes, pai do racionalismo moderno; nem Galileu, ícone predileto do martiriológio anti-católico, mas ele próprio auto-proclamado católico; nem Einstein; et caeteri , apenas para citar alguns dos reconhecidos pelo establishment acadêmico.

Daí também a arrogância ridícula de lançar no mesmo balaio a crença em Deus e no coelhinho da Páscoa, como fez o tal biólogo ianque, para desqualificar intelectualmente, de maneira bem pouco científica e nada ética, aqueles que professam ponto de vista diverso do dele próprio. A crença em elfos e fantasmas calha melhor ao ateísmo que ao teísmo, pois, como disse Chesterton, o problema do cético não é não crer em nada, mas sim crer em tudo.

Os falsos “brilhantes” crêem, sim, em elfos, fantasmas e no coelhinho da Páscoa, desde que convenientemente apresentados em jargão acadêmico, bem disfarçados com a capa do racionalismo – essa fé irracional na razão – e devidamente chancelados com o aval da “comunidade científica”.

Embora invocando Dawkins, autor de “O Relojoeiro Cego” (ou seria “O Biologista Cego”?), que afirma que a natureza tem design, mas não designer, o subscritor do artigo admite que “afinal, a ciência não pode responder a perguntas como ‘O que existia antes do que existe?’”.

Trata-se de um rasgo de honestidade intelectual que obrigaria qualquer ateu, que não cegado pela paixão dogmática, a conceder à crença em Deus pelo menos o benefício da dúvida.

Não é essa a conduta de Dawkins, que no livro citado busca precisamente comprovar “cientificamente” a inexistência do “Designer” da natureza. É uma tentativa canhestra. Numa de suas linhas de argumentação vale-se de um programa de computador, apto a formar uma sentença de Shakespeare a partir da combinação “casual” das letras do alfabeto.

Esqueceu-se o ilustre sábio de que, sem um experimentador inteligente, capaz de conceber o computador e o programa, e determinado a alcançar um objetivo preciso (a “demonstração” em causa), não haveria experimento possível. Isto para não mencionar a necessária preexistência do idioma inglês e da obra do dramaturgo de Stratford, presumivelmente, também, produtos da inteligência e da intenção.

Para efetivamente comprovar a possibilidade de produzir-se um “design” sem “designer”, o sagaz cientista deveria realizar um experimento sem experimentador, pois este, forçosamente, assume a função de Criador do seu micro-sistema, demonstrando assim o oposto do que pretendia.

Mas não se trata de uma exceção, pois muitos ateus e materialistas abusam da equivocidade do termo “ciência” para eximir-se de comprovar a razoabilidade da própria crença.

Cumpre distinguir entre ciência como método de conhecimento experimental do mundo fenomênico, apto a produzir conclusões verdadeiras no estreito âmbito de sua competência, mas que obviamente não pode mesmo responder às grandes indagações metafísicas, e “ciência” como seita, pseudo-religião, ou anti-religião, e como tal congregação de aderentes a um conjunto de proposições filosóficas hipotéticas, mas tidas como apodícticas, porque pretensamente demonstradas pela “ciência” na primeira acepção.

Essa distinção é propositalmente escamoteada pelos ideólogos do ateísmo, que deslealmente apresentam teorias e hipóteses incomprovadas e incomprováveis como verdades científicas cabalmente demonstradas, no afã de demolir a fé em Deus e ridicularizar aqueles que nele crêem. Não por acaso, em recente entrevista, aquele mesmo ideólogo materialista declarou seu “desprezo” por quem crê num Deus criador. Tal comportamento sectário aproxima-o dos mais estreitos fanáticos de falsas crenças religiosas - “et pour cause”.

O “ateu de passeata” é o análogo complementar do falso crente: acredita piamente em si mesmo e na própria incredulidade, como aquele na própria “idéia” de Deus. Ambos são, no fundo, adoradores de si mesmos.

Ao revés, o homem que crê em Deus e professa a Revelação contida na doutrina católica, embora também sujeito, em razão do pecado original, à tirania do egoísmo, aceita a priori a própria contingência: sabe-se finito, mortal e sujeito a leis – naturais e morais - que não criou nem pode alterar. Essa humildade embrionária é o solo no qual pode germinar, pela graça da Fé, a virtude da Fé.

Fé não é crendice, nem ausência de dúvida, inerente à própria condição humana, tal como se apresenta após a queda. Fé é, ao mesmo tempo, graça e virtude.

A Fé enquanto graça é um Dom gratuito de Deus: não pode crer senão aquele a quem Deus concedeu esse favor, sendo a predisposição necessária para tanto a constatação da própria insignificância, aquela humildade embrionária acima referida, e a aceitação do magistério da Igreja. A graça, uma vez aceita e não impedida, torna-se habitual no “estado de graça”, cultivado pela observância dos Mandamentos e a freqüência aos Sacramentos. Age eficazmente na alma, suscitando a virtude teologal do mesmo nome, coirmã da Esperança e da Caridade.

Fé enquanto virtude é algo que pode crescer, como um “organismo espiritual”, em sinergia com outras virtudes, pela prática da oração e sempre sob o influxo da graça, até o desabrochar de uma plenitude de certeza, que já é contemplação. O fim da contemplação é o amor de Deus, a Caridade, a última das virtudes, a consumar-se na visão Beatífica, e o primeiro e maior dos mandamentos:

“Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças” (Mc 12, 28).


Consulta:
Victor Peregrino - "Ateísmo e Fé" MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=brilhantes_ateus&lang=bra

Curiosidades da Bíblia


A Bíblia se divide em duas partes: Antigo Testamento e Novo Testamento.

A maior Bíblia que se conhece pesa 547 quilos e tem 2,5 m de espessura.

Das cerca de 2.000 línguas e dialetos falados no mundo, cerca de 1.200 já possuem a Bíblia ou textos bíblicos traduzidos.

A Bíblia é o livro mais vendido do mundo. Ela foi a primeira obra impressa por Johann Gutenberg, em seu recém inventado prelo manual, que dispensava as cópias manuscritas. Este fato se deu na Alemanha.

O maior livro da bíblia é Salmos, com 150 capítulos.

O menor livro da bíblia é a 2ª Epístola de S.João.

O maior capítulo é Salmos 119. O menor capítulo é salmos 117.

O maior versículo da bíblia é o do livro de Estér 8,9. O menor versículo é o de Êxodo 20,13.

O versículo central é Salmos 118,8.

O texto áureo da Bíblia é João 3.16, sendo a síntese do Evangelho.

Bíblia contém 31.000 versículos e 1.189 capítulos. Para sua leitura completa, são necessárias 49 horas, a saber, 38 horas para a leitura do Velho Testamento e 11 horas para a do Novo Testamento.

Número Total de livros da Bíblia: 66 livros. Sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento.

66, 39 e 27 são todos múltiplos de 3, o número da perfeição, a trindade: PAI e FILHO e ESPIRITO SANTO.

Há 594 capítulos antes do Salmo 118. Há 594 capítulos depois de Salmo 118. Se somarmos estes dois números, o resultado será: 1188.

Qual é o versículo que está no centro da Bíblia? - Salmo 118,8.

Esse versículo diz algo importante sobre a perfeita vontade de Deus para nossas vidas. A próxima vez que alguém lhe disser que deseja conhecer a vontade de Deus para sua vida e que deseja estar no centro da Sua Vontade, diga a ele o centro da Sua Palavra:


Salmo 118,8:

"É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar no homem"


sábado, 2 de junho de 2007

A Santíssima Trindade


A Trindade é a doutrina acolhida pela maioria das igrejas cristãs, que acreditam no único Deus, preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É um dos dogmas centrais da fé cristã, sendo considerado um dos mistérios mais difíceis de interpretar e compreender.

As Escrituras ensinam que Deus é um, e que além dele não existe outro Deus. Como poderia ter Deus comunhão com alguém antes que existissem as criaturas finitas? A resposta é que a Unidade Divina é uma Unidade Composta, e que nesta unidade há realmente três pessoas distintas, cada uma das quais é a Divindade, e que, no entanto, cada uma está sumamanete consciente das outras duas. Assim, vemos que havia comunhão antes que fossem criadas quaisquer criaturas. Portanto, Deus nunca esteve só.

As três pessoas da Santíssima Trindade cooperam unidos e num mesmo propósito, de maneira que no pleno sentido da palavra, são “um”. O Pai cria, o Filho redime e o Espírito Santo santifica; e, o entanto, em cada uma dessas operações divinas os três estão presentes. O Pai é preeminentemente o Criador, mas o Filho e o Espírito Santo são tidos como cooperadores na mesma obra. O Filho é preeminentemente o Redentor, mas O Pai e o ES são considerados como Pessoas que enviam o Filho a redimir. O Espírito Santo é o Santificador, mas o Pai e o Filho cooperam nessa obra.

O Pai testificou do Filho (Mateus 3.17), e o Filho testificou do Pai (João 5.19). O Filho testificou do Espírito (João 14.26) e mais tarde o Espírito testificou do Filho (João 15.26).
A doutrina da Trindade é claramente uma doutrina revelada. A palavra “trindade” não aparece no Novo Testamento, é uma expressão teológica que surgiu no séc. II para descrever a divindade. Assim como o planeta Júpiter existia antes de receber este nome, da mesma forma a doutrina da Trindade encontrava-se na bíblia antes que fosse tecnicamente chamada a Trindade.

Várias passagens do Novo Testamento mencionam as Três Pessoas Divinas. Mateus 3.16-17; 28.19; João 14.16,17,26; 15.26; 2 Coríntios 13.14; Gálatas 4.6; Efésios 1.3,13; 2.18; ; 2 Tessalonicenses 3.5; Hebreus 9.14; 1 Pedro 1.2.

A própria Natureza apresenta analogias da Trindade:

(1) A água é uma, mas existe em três estados: líquido, sólido e gasoso (água, gelo e vapor)
(2) O Sol é um, mas se manifesta como luz, calor e fogo.
(3) O triângulo equilátero é composto de três lados e três ângulos iguais. Tire-se um dos lados e já não haverá mais triângulo. Onda há três ângulos, há um triângulo.

Deus é amor. Era eternamente amante. Mas o amor requer um objeto a ser amado; e, sendo eterno, deve ter tido um objeto de amor eterno, a saber, seu Filho. O amante eterno e o amado eterno. O vínculo eterno e caudal desse amor é o Espírito Santo.
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Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, hoje e sempre. Amém!

quinta-feira, 31 de maio de 2007

João Calvino


João Calvino (Jean Calvin) foi um teólogo e reformador cristão francês. A partir de Calvino desenvolveu-se o calvinismo, uma forma de protestantismo durante a Reforma Protestante. Esta variante do Protestantismo viria a ser bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os Afrikaners), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos da América.


Calvino foi inicialmente um humanista, e jamais foi ordenado sacerdote católico. Depois do seu afastamento da Igreja romana, ele, por seu intelecto aprimorado, começou a ser visto como uma poderosa voz do movimento protestante.

Estudou Direito, por influência do pai, mas sua preferência clara era a teologia. Em 1532, foi doutorado em Direito em Orléans, França.

A adesão de Calvino ao protestantismo se deu entre 1532 e 1533, tendo ele 23 ou 24 anos. Em 1534, escreve o primeiro livro sobre religião, intitulado Psychopannychia, onde tece uma crítica aos sectários anabatistas. A obra mais famosa de Calvino chama-se “As Institutas da Religião Cristã”, cuja primeira edição foi publicada em latim, publicada em 1536.

Calvino foi vítima das perseguições aos protestantes na França, vindo a fugir para Genebra (Suíça) em 1536. cidade em que veio a falecer em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.
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O elemento mais conhecido do calvinismo é a Doutrina da Predestinação, baseada na soberania divina, que Calvino desenvolveu a partir da teologia do apóstolo Paulo no Novo Testamento e dos escritos de Santo Agostinho.

Martinho Lutero


Precursor da Reforma Protestante na Europa, Lutero nasceu na Alemanha no ano de 1483 e fez parte da ordem agostiniana.
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Em 1507, ele foi ordenado padre, mas devido as suas idéias que eram contrárias as pregadas pela igreja católica, ele foi excomungado.
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Sua doutrina, salvação pela fé, foi considerada desafiadora pelo clero católico, pois abordava assuntos considerados até então pertencentes somente ao papado. Contudo, esta foi plenamente espalhada, e suas inúmeras formas de divulgação não caíram no esquecimento, ao contrário, suas idéias foram levadas adiante e a partir do século XVI, foram criadas as primeiras igrejas luteranas.

Apesar do resultado, inicialmente o reformador não teve a pretensão de dividir o povo cristão, mas devido à proporção que suas 95 teses adquiriram, este fato foi inevitável. Para que todos tivessem acesso as escrituras que, até então, encontravam-se somente em latim, ele traduziu a Bíblia para o idioma alemão, permitindo a todos um conhecimento que durante muito tempo foi guardado somente pela igreja.

Com um número maior de leitores do livro sagrado, a quantidade de protestantes aumentou consideravelmente e entre eles, encontravam-se muitos radicais. Precisou ser protegido durante 25 anos. Para sua proteção, ele contava com o apoio do Sábio Frederico, da Saxônia.

Foi responsável pela organização de muitas comunidades evangélicas e, durante este período, percebeu que seus ensinamentos conduziam a divisão. Casou-se com a monja Katharina Von Bora, no ano de 1525, e teve seis filhos.


Fonte: http://www.suapesquisa.com/biografias/lutero/

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A loucura do ateísmo

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Os ateus existem. Mas será que existe uma base para suas afirmações? Será que é realmente plausível ficar afirmando que “Deus não existe” ?

Para que uma pessoa possa, com convicção, dizer que não há Deus, ela precisa ter um conhecimento absoluto de tudo. De outro modo, como ela poderia afirmar isso? Essa pessoa precisa saber de todas as coisas, ser onisciente. No entanto, toda pessoa equilibrada mentalmente é capaz de reconhecer suas limitações, e obviamente, reconhecer que não é onisciente.

O ateu também precisaria ter visitado todo o universo para afirmar definitivamente que Deus não existe. De outro modo, como poderia afirmar isso? Além disso, é preciso que o ateu esteja em todos os lugares ao mesmo tempo. Observe: Deus poderia estar em um lugar, e quando o ateu o procurasse, Deus poderia ter se retirado para outro lugar.

Evidentemente é mais prudente, razoável e sensato para o incrédulo, simplesmente dizer: “Não sei se Deus existe ou não”. E de fato foi esta a posição de um dos meus professores. Mesmo sendo conhecido em toda a universidade como um fervoroso ateu, quando debati com ele sobre Deus, ele simplesmente me disse: “Não sei quem é Deus! Não conheço Deus!”, ao invés de afirmar categoricamente: “Deus não existe!”.

Ou a pessoa sabe que não há Deus, ou não deve dizer o que não sabe.

Portanto, não se justifica a afirmação de que Deus não existe. Isso é inadmissível. Para se afirmar isso com absoluta certeza e segurança, seria preciso que o ateu fosse onisciente e onipresente! Por outras palavras, teria de ser Deus!

Por isso a Bíblia considera o ateu como louco. “Diz o louco em seu coração: Não há Deus” (Salmo 14:1).

Nunca houve um verdadeiro ateu, alguém que seja sinceramente ateu na maior profundidade do seu ser. O que existe são pessoas críticas do sistema religioso de sua época. O que existe são homens orgulhosos, com lábios cheios de ironia, arrogância por seus conhecimentos e prepotência por seu status na sociedade. Muitos não reconhecem suas limitações e consideram uma demonstração de fraqueza crer em um Deus.

Mas Paulo afirma na carta que escreveu aos cristãos de Roma, que a declaração “Não há Deus” é um suicídio intelectual e moral. Além disso, ele também afirma que o mundo dá farto testemunho da existência de Deus:

Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal” (Romanos 1:20-22).

A verdadeira loucura é não crer em Deus. O ateísmo não se sustenta pelo pensamento cuidadoso. Pensar nele leva a refutá-lo.

Do outro lado, a mensagem cristã é a mais plausível e sensata de todas as mensagens. Nenhuma outra filosofia, crença ou qualquer outra pregação, é capaz de preencher o intelecto como o cristianismo. E muito mais do que isso: Os cristãos não apenas pensam e falam sobre Deus, experimentam e vivenciam sua presença e seu poder!

Abra sua mente. Abandone os pré-conceitos infundados. Não tenha uma mentalidade estreita e mesquinha. Deixe de ser esnobe quer intelectual, social ou moralmente. Busque a Deus com sinceridade e humildade, e você o encontrará!

Que te conheçam, o Único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. (João 17:3).

Fonte: http://xequemategelado.blogspot.com/2005_12_01_archive.html de Davi Lago