quinta-feira, 24 de abril de 2014

Onanismo: qual foi o pecado de Onã?

O caso de Onã gerou a palavra "onanismo", palavra que, segundo as definições modernas do dicionário, significa a interrupção do coito antes da ejaculação, e também se refere à prática da masturbação masculina.

Eis o que informa o texto de Gênesis 38.8-10:

"Então disse Judá a Onã: Toma a mulher do teu irmão, e casa-te com ela, e suscita descendência a teu irmãoOnã, porém, soube que esta descendência não havia de ser para ele; e aconteceu que, quando possuía a mulher de seu irmão, derramava o sêmen na terra, para não dar descendência a seu irmãoE o que fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que também o matou."

De acordo com o texto bíblico, pode-se constatar que Onã foi morto, essencialmente, porque sua intenção tinha por finalidade não dar descendência a seu irmão. Assim, Onã interrompia o coito, ejaculando fora do canal vaginal da mulher.

Mas... foi o coito interrompido o pecado de Onã?  Negativo!

Não confundamos a finalidade de Onã com o meio para atingi-la!  

O texto bíblico é claro, mostrando a intenção do ato de Onã:  PARA NÃO DAR DESCENDÊNCIA A SEU IRMÃO.

Explicando: Tamar era mulher de Er (irmão de Onã). Com a morte de Er, então Onã, instado por Judá (pai de Er e de Onã), uniu-se à Tamar (viúva de Er). Isto era o casamento pelo levirato (da viúva com o irmão do falecido), amplamente difundido e posteriormente incorporado à lei de Moisés.

Quando Onã interrompia o coito e ejaculava fora de Tamar, o que ele fez foi se recusar a cumprir o dever de dar descendência ao seu irmão, porque seu desejo era ficar com a herança que seria, por direito, do primogênito (herdeiro legal de Er).

Assim, as causas efetivas da morte de Onã foram:

1) a desobediência à instrução de Judá (pai de Onã);

2) sua cobiça pela herança do primogênito e;

3) o deixar de cumprir seu compromisso matrimonial específico, que era dar um filho à Tamar (viúva de seu falecido irmão).

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Significado e origem dos ovos, coelho e chocolate na páscoa cristã

A história dos ovos de páscoa e dos coelhos é relativamente longa e interessante. Há registros de que no Egito e na Pérsia os ovos eram considerados símbolos da fertilidade e, pintados, eram dados de presente nas comemorações do inicio da primavera.

Como visto, a Páscoa cristã foi relacionada ao Equinócio de Primavera, em Niceia, 325 d.C. Considerando que, pelo menos inicialmente, a comemoração maior era referente à Ressurreição de Jesus; e, considerando, que ressurreição lembra nascimento, por sincretismo, houve uma natural aproximação entre ovos e Páscoa. Os cristãos primitivos da Mesopotâmia foram os primeiros a usar ovos coloridos na Páscoa.

Na Alemanha Medieval, a tradição cristã da Páscoa como a festa da ressurreição de Cristo, em que a morte não é vista como o fim e sim como o começo de uma nova vida, está ligada a elementos da mitologia germânica. O próprio termo alemão relativo à Páscoa, Ostern, deriva de Ostara, a deusa germânica da primavera. Desse radical germânico surgiu Easter, páscoa em inglês. Ostern é a primeira das grandes festas germânicas da primavera, representando a vitória do sol aquecedor sobre as trevas e o frio do inverno, a vitória da vida sobre a morte, lembrando a ressurreição de Cristo.

O costume de se procurar os ovos de Páscoa no jardim também estaria baseado na crença dos germanos e de outros povos antigos de que o ovo é o símbolo da fertilidade e da nova vida em crescimento.

O coelho, símbolo de fertilidade na mitologia grega, é o animal sagrado atribuído tanto a Afrodite, a deusa do amor dos romanos, como a Ostara. Além das origens mitológicas, o coelho é um dos primeiros animais que saem das tocas ao chegar a primavera, após um longo inverno de recolhimento, dando, portanto, a ideia de renovação da vida, que parecia estar morta durante o inverno. Ademais, por se reproduzirem com extrema facilidade e em grande quantidade, com eles houve a identificação de uma vida abundante, de um processo de restauração, um ciclo que se renova todos os anos.

A tradição do coelho da Páscoa foi trazida às colônias inglesas na América do Norte, por imigrantes alemães, em meados de 1700. Através do recurso à prosopopeia, o coelhinho “visitava” as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa. Esses ovos coloridos eram feitos de doce folheado e açúcar candy.

A inserção do chocolate nesse contexto simbólico da páscoa cristã também tem um componente de sincretismo. Originário da América Central e México, sendo considerado sagrado pelas culturas maia e asteca, logo se divulgou que possuía poderes afrodisíacos. Tal característica pode ter levado à associação do chocolate com a fertilidade do coelho. Com o advento da Era Industrial, a partir do século XVIII, e o aperfeiçoamento e comercialização generalizada dos produtos derivados do chocolate, houve um grande interesse comercial em achocolatar os ovos “trazidos” pelos coelhos na Páscoa.

Por José Roberto Costanza, Th.M.
Coordenador de Teologia Histórica do Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Ashbel Green Simonton.

Fonte: http://www.ipandorinhas.com.br/estudo/arquivo.php?cod=108


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Antigamente, o casamento não passava pela Igreja

Atualmente, é comum aos cristãos se casarem na igreja, na presença de um ministro do evangelho.  Mas, nos tempos antigos, o casamento nem passava pela Igreja...

O conceito e prática do casamento de nossos dias não surgiu de forma pronta, é fruto de uma evolução histórica, social e teológica. É interessante notar como se deu a evolução conceitual ao longo dos tempos, desde o AT até a era da Igreja.  

No Antigo Testamento -- como no Oriente Antigo em geral -- o matrimônio não era da alçada religiosa nem civil, mas um assunto privado, entre as famílias interessadas.  Em Israel, não parece estar associada a aplicação de um sentido necessariamente religioso ao casamento.  Ele é uma questão de direito particular e acontece sem a atuação conjunta de instância do Estado e da religião.

Tempos depois, desde a época de Inácio de Antioquia e outros, a aprovação e bênção dos líderes das comunidades cristãs foi considerada desejável, mas foi tardiamente, e com alguma dificuldade, que a Igreja passou a ter influência sobre os enlaces matrimoniais. Até no séc. VII, o Direito Canônico nada fala sobre uma colaboração eclesiástica no contrato matrimonial.

Foi a partir da Idade Média que o casamento foi sendo transferido do âmbito da família para o espaço público eclesiástico, havendo, a partir disto, um maior desenvolvimento litúrgico. É nesta época que começa a se atribuir cada vez mais importância da atuação da Igreja, a ponto de que, por ocasião do enlace, um voto passar a ser uma declaração ministerial ("Deus vos coniungat. Ego vos coniungo."). Naquela época, no entanto, a validade do matrimônio ainda não dependia de uma cerimônia oficial.

No séc. XI, o movimento dos cátaros e dos albigenses (os quais rejeitavam o casamento com base em concepções hostis ao corpo) representou um imenso desafio para a reflexão teológica. Em contraposição a isto, eis que surge a necessidade de aclarar teologicamente a razão de o matrimônio ser valorizado positivamente. Nesse contexto, por meio de um documento eclesiástico oficial, que a Igreja vem designar, no ano de 1184, o matrimônio enquanto sacramento.