segunda-feira, 14 de abril de 2014

Significado e origem dos ovos, coelho e chocolate na páscoa cristã

A história dos ovos de páscoa e dos coelhos é relativamente longa e interessante. Há registros de que no Egito e na Pérsia os ovos eram considerados símbolos da fertilidade e, pintados, eram dados de presente nas comemorações do inicio da primavera.

Como visto, a Páscoa cristã foi relacionada ao Equinócio de Primavera, em Niceia, 325 d.C. Considerando que, pelo menos inicialmente, a comemoração maior era referente à Ressurreição de Jesus; e, considerando, que ressurreição lembra nascimento, por sincretismo, houve uma natural aproximação entre ovos e Páscoa. Os cristãos primitivos da Mesopotâmia foram os primeiros a usar ovos coloridos na Páscoa.

Na Alemanha Medieval, a tradição cristã da Páscoa como a festa da ressurreição de Cristo, em que a morte não é vista como o fim e sim como o começo de uma nova vida, está ligada a elementos da mitologia germânica. O próprio termo alemão relativo à Páscoa, Ostern, deriva de Ostara, a deusa germânica da primavera. Desse radical germânico surgiu Easter, páscoa em inglês. Ostern é a primeira das grandes festas germânicas da primavera, representando a vitória do sol aquecedor sobre as trevas e o frio do inverno, a vitória da vida sobre a morte, lembrando a ressurreição de Cristo.

O costume de se procurar os ovos de Páscoa no jardim também estaria baseado na crença dos germanos e de outros povos antigos de que o ovo é o símbolo da fertilidade e da nova vida em crescimento.

O coelho, símbolo de fertilidade na mitologia grega, é o animal sagrado atribuído tanto a Afrodite, a deusa do amor dos romanos, como a Ostara. Além das origens mitológicas, o coelho é um dos primeiros animais que saem das tocas ao chegar a primavera, após um longo inverno de recolhimento, dando, portanto, a ideia de renovação da vida, que parecia estar morta durante o inverno. Ademais, por se reproduzirem com extrema facilidade e em grande quantidade, com eles houve a identificação de uma vida abundante, de um processo de restauração, um ciclo que se renova todos os anos.

A tradição do coelho da Páscoa foi trazida às colônias inglesas na América do Norte, por imigrantes alemães, em meados de 1700. Através do recurso à prosopopeia, o coelhinho “visitava” as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa. Esses ovos coloridos eram feitos de doce folheado e açúcar candy.

A inserção do chocolate nesse contexto simbólico da páscoa cristã também tem um componente de sincretismo. Originário da América Central e México, sendo considerado sagrado pelas culturas maia e asteca, logo se divulgou que possuía poderes afrodisíacos. Tal característica pode ter levado à associação do chocolate com a fertilidade do coelho. Com o advento da Era Industrial, a partir do século XVIII, e o aperfeiçoamento e comercialização generalizada dos produtos derivados do chocolate, houve um grande interesse comercial em achocolatar os ovos “trazidos” pelos coelhos na Páscoa.

Por José Roberto Costanza, Th.M.
Coordenador de Teologia Histórica do Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Ashbel Green Simonton.

Fonte: http://www.ipandorinhas.com.br/estudo/arquivo.php?cod=108


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