domingo, 6 de março de 2011

Diálogo entre um ancião e um ateu - parte 2

Continuação das exposições do dialogo entre o Ancião Epiphanios Theodoropoulos com um ateu marxista.

Ateu:
Você viu essas coisas? Como você pode acreditar nelas?

Ancião:
Não, eu não vi nada disso, mas outros viram: os Apóstolos. Eles, por sua vez fizeram esta descoberta por nós, e na verdade eles "assinam" o seu testemunho com seu próprio sangue.
E, como todos reconhecem, um testemunho dado com a própria vida é a forma suprema de testemunho.
Por que você não me traz o mesmo, alguém que me diga que Marx morreu e ressuscitou, e que tal testemunha está disposta a sacrificar sua vida para testemunhar isso? I,Se for um homem honesto, poderia se acreditar nele.

Ateu:
Mas digo a você que há milhares de comunistas que foram torturados
e morreram por sua ideologia. Por que então você não vê o comunismo, da mesma forma?

Ancião :
Você mesmo disse. Comunistas morreram por sua ideologia. Eles não morreram por eventos reais. Através de uma ideologia é muito fácil enganar e conduzir homens porque é uma característica da alma humana sacrificar-se por algo em que acredita, e isso explica por que tantos comunistas morreram por sua ideologia. Mas isso não nos obriga a aceitar essa ideologia como algo verdadeiro.
Pois uma coisa é morrer por idéias, e outra muito distinta é morrer por fatos.
Os Apóstolos não morreram por idéias. Nem mesmo pelo "Amai-vos uns aos outros", ou a qualquer outro ensinamento moral do cristianismo.
Os apóstolos morreram pelo seu testemunho dos acontecimentos sobrenaturais. Que vivenciaram E quando dizemos 'Eventos', queremos dizer que morreram por algo que pode ser capturado pelos nossos sentidos físicos sentidos, e ser compreendido por eles.
Os apóstolos sofreram o martírio por " que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida"(João I, 1)
Assim como a especulação inteligente de Pascal, dizemos que uma das três coisas a seguir aconteceram com os Apóstolos: ou eles foram enganados, ou eles nos enganaram, ou eles nos disseram a verdade.
Vamos pegar o primeiro caso. Não é possível para os Apóstolos terem sido enganados, porque tudo o que relataram, não foi relatado a ele por outros.
Eles viram com os próprios olhos e ouviram com seus próprios ouvidos, e assim foram as testemunhas de todas as coisas. Além disso, nenhum deles era dotado de uma imaginativa personalidade, nem tinham qualquer inclinação psicológica que os fizesse aceitar a Ressurreição automaticamente.
Muito pelo contrário - elas eram terrivelmente desconfiados.
Os Evangelhos são extremamente reveladores em suas narrações sobre as suas disposições espirituais: eles mesmo desacreditaram algumas pessoas que tinham realmente visto O ressuscitado.
E uma outra coisa : Quem eram os Apóstolos, antes de Cristo Os chamar ?
Seriam eles, talvez ambiciosos políticos e visionários dos sistemas filosóficos e sociais, ansiosos por conquistar a humanidade e, portanto satisfazer as suas fantasias? Não, nada próximo disso. Eles eram pescadores analfabetos.
A única coisa que lhes interessava era pescar alguns peixes para alimentar suas famílias.
E mesmo após a crucificação do Senhor, e apesar
tudo o que tinham ouvido e visto, eles voltaram para seus barcos de pesca e suas redes. Em outras palavras, não há um um único vestígio de elaboração pessoal desses homens sobre todas as coisas que estavam para acontecer. Foi somente após o Dia de Pentecostes, "quando receberam força a partir do Alto” que estes homens simples se tornaram os professores do universo.
Vamos a segunda hipótese de Pascal : Será que eles nos enganaram? Eles mentiram para nós? Mas então, por que eles nos enganariam? O que eles teriam ganho mentindo? Dinheiro? Status? Glória?
Pois para alguém contar uma mentira, este alguem deve esperar algum tipo de ganho.
Os Apóstolos, porém, com a pregação Cristo - que de fato Cristo foi crucificado e ressuscitou - as únicas coisas que asseguraram para si foram:
dificuldades, , apedrejamentos, naufrágios, fome, sede, nudez, ataques dos ladrões,espancamentos, prisões e, finalmente, a morte.
E tudo isso, por uma mentira? Seria tolice, sem dúvida, de forma que não podemos também considerar a segunda hipotese de Pascal.
Consequentemente, os apóstolos não se enganaram, nem nos enganaram.
Isso nos deixa a terceira escolha: Eles nos disseram a Verdade.
Gostaria também de salientar outra coisa aqui: O Evangelistas registraram a verdade dos acontecimentos históricos. Eles descrevem os acontecimentos, e só os eventos.
Eles não recorreram a qualquer juízo pessoal. Eles não elogiam ou criticam os personagens. Eles não fazem nenhuma tentativa de exagerar um evento, nem eliminar ou subestimar o outro. Eles permitem que os acontecimentos falam por si mesmos.

Ateu:
Mas você não está excluindo a possibilidade de que, no caso de Cristo, ocorreu apenas um incidente de morte aparente? Pois em um outro dia, os jornais escreveram sobre alguém na Índia que enterrado, mas que sendo exumado três dias após seu enterro, foi encontrado ainda vivo.

Ancião : Minha pobre criança! Vou recordar as palavras do abençoado Agostinho: "Ó, infiel, você não está realmente desconfiado, na verdade, você é o mais crédulo de todos, pois você aceita as coisas mais improváveis, e mais irracionais, as mais contraditórias, a fim de negar um milagre! "
Não, meu filho. Não foi um caso de morte aparente com Cristo. Primeiro de tudo, temos o testemunho dos centuriões romanos, que tranquilizaram a Pilatos sobre a certeza da morte de Cristo.
Então, o nosso Evangelho nos informa que no mesmo dia de sua Ressurreição, o Senhor foi visto conversando com dois dos seus discípulos, caminhando para Emaús, que era mais do que dez quilômetros de Jerusalém.
Você pode imaginar alguém, que poderia passar por todos as torturas que Cristo sofreu, e três dias depois de Sua "Morte aparente",estar tão disposto para poder realizar tal coisa? Nem se Ele tivesse sido alimentado com canja de galinha durante quarenta dias para ser capaz de abrir os olhos, andar e falar como se nada tivesse acontecido!
Quanto ao tal hindu do seu exemplo, ele foi castigado, submetido a uma flagelação ?
Ele foi acoitado por um chicote cuja as tiras, cada uma, tem um pedaço de chumbo costurada nelas, com pregos afiados de ossos ou anexado em suas pontas ?
Traga-o aqui para que possamos ver o que a coroa de espinhos cravada em sua cabeça deixou como marcas. Pois talvez quando este Hindu tenha sido crucificado, alguem tenha dado a ele vinagre para beber quando este disse ter sede, e aí alguem pode ter o perfurado como uma lança, e depois o colocaram em um tumulo...
Se após tudo isso ter acontecido com ele, este Hindu retornou dos mortos, nós podemos ficar interessados em comparar as historias.

Ateu:
Certo , mas todos os testemunhos que você tem aqui exposto pertencem aos discípulos de Cristo. Existe algum testemunho sobre este assunto, que não venha do seu círculo de Discípulos? Há algum historiador, por exemplo, que pode certificar a Ressurreição de Cristo? Se assim for, então eu também acreditarei no que você diz.

Ancião :
Pobre criança ! Você não sabe o que está dizendo agora! Se tivesse havido historiadores que testemunharam o Cristo ressuscitado, eles teriam sido obrigados a acreditar na Sua ressurreição e teriam registrado tais eventos como crentes, o que faria você os rejeitar como fontes de testemunho isento, da mesma forma que você rejeita o testemunho de Pedro, o testemunho de João, etc...
Como pode ser possível, para alguém que realmente testemunhou a Ressurreição, este alguem não se tornar cristão? Vou lembrá-lo que eu já apresentei os historiadores que você está pedindo , pois como já disse anteriormente, os únicos verdadeiros historiadores são os Apóstolos.
No entanto, temos tambem testemunhos do tipo que você quer, de alguém que não pertencia ao círculo de discípulos do Cristo: Este é Paulo.
Paulo não só não era um discípulo de Cristo, como ele mesmo perseguia a Igreja de Cristo implacavelmente!

Ateu:
Mas dizem que Paulo sofria de insolação e que sua conversão foi causada por uma alucinação.

Ancião : Meu filho, se Paulo estava alucinado, a única coisa que poderia ter vindo à tona seria o seu subconsciente. E no subconsciente de Paulo, os Patriarcas e os profetas teriam aparecido a ele, que poderia ter delirado com as visões de Abraão, Jacó e Moisés, mas nunca de Jesus, a quem considerava um agitador e uma fraude!
Você pode imaginar uma velhinha ortodoxa e fiel ver Buda ou Júpiter em seu sonhos ou em um delírio? Seria mais provavel ela ver São Nicolau ou Santa Bárbara, porque ela
acredita neles.
E só mais um detalhe: Com Paulo, temos o registro dos seguintes fenômenos miraculosos: Primeiro de tudo, o abrupto da sua conversão. Direto da infidelidade a fé, sem nenhuma etapa intermediária preparatória.
Em segundo lugar, a firmeza de sua fé. Ele não vacilava, não tinha dúvidas.
E em terceiro lugar, a sua fé durou por todo o tempo de sua vida. Você acredita que todas essas coisas podem acontecer depois de um caso de insolação? Essa explicação não pode de forma alguma, seratribuída como causa.
Se você pode refutar isso o faça, mas se não for possível, então você deve admitir o
milagre. E você deve saber que para um homem do seu tempo, Paulo foi excepcionalmente bem-educado. Ele não era um simples homem mediano que ficou totalmente debil
Além disso, vou acrescentar mais alguma coisa.
Nós, hoje, meu filho, estamos vivendo em uma época excepcional. Estamos vivendo o milagre da Igreja de Cristo.
Quando Cristo disse sobre a Sua Igreja que "as portas do inferno não prevalecerão contra ela"(Mateus 16:18), seus seguidores contavam em um número muito reduzido.
Quase dois mil anos se passaram, desde aquele dia. Impérios desapareceram, filosófias e sistemas foram esquecidos, as teorias do mundo desmoronaram, mas a Igreja de Cristo permanece indestrutível, apesar das dramáticas e contínuas perseguições a qual fora submetida. Isso não é um milagre?
E uma última coisa : No Evangelho de Lucas diz que, quando a Santa Mãe de Deus visitou Isabel (mãe de João Batista) depois da Anunciação, ela foi recebida com as seguintes palavras:
"Bendita és tu entre as mulheres". E a Santa Mãe de Deus respondeu o seguinte: "Meu coração engrandece ao Senhor. Eis que a partir deste momento, todas as gerações me chamarão bem-aventurada ".
Quem era a Santa Mãe de Deus naquele momento? Ela era apenas uma obscura filha de Nazaré. Quantos sabiam dela? E no entanto, desde esse dia em diante, imperatrizes foram esquecidas, nomes de mulheres ilustres foram extintos, mães e esposas dos grandes generais entraram em esquecimento.
Quem se lembra ou mesmo conhece, a mãe de Napoleão ou a mãe de Alexandre, o Grande? Quase ninguém. Mas milhões de lábios em cada canto do mundo, ao longo dos tempos, veneram a humilde filha de Nazaré, a "mais veneravel que os Querubins e incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins".
Somos ou não somos nós, o povo do século XX, que consagra como verdadeiras as palavras da Santa Mãe de Deus?

Ateu:
Eu tenho que admitir que seus argumentos são bastante sólidos.Mas gostaria de lhe perguntar mais uma coisa: Você não acha que Cristo deixou a Sua obra inacabada?
Ou seja, a menos que Ele nos tenha abandonado. Não posso imaginar um Deus que permaneceria indiferente ao sofrimento da humanidade. Estamos aqui labutando, enquanto Ele, até lá, permanentemente apático.

Ancião :
Não, meu filho. Você não está certo. Cristo não deixou Sua obra inacabada. Pelo contrário, Ele é o único caso na história em que uma pessoa tem a certeza de que Sua missão foi cumprida, e não tinha mais nada para fazer ou dizer. Mesmo o maior dos filósofos, Sócrates, que discutiu e ensinou durante sua vida inteira, e no final compôs uma intrincada "Apologia", certamente ainda teria mais a dizer se tivesse continuado vivo.
Somente Cristo - na faixa de tempo de três anos – ensinou o que Ele tinha para ensinar, fez o que tinha que fazer e, finalmente disse (na cruz): "Tudo está consumado". Outra amostra de Sua perfeição e autoridade divina.
Quanto ao abandono que você mencionou, eu posso entender a sua preocupação.
Sem Cristo, o mundo passa a ser um teatro de insanidades. Sem Cristo, você não pode explicar coisa alguma: por que existem tristezas, injustiças, falhas, doenças, por que isso e porque aquilo .... e seguremos em uma monumental lista de "porquê" s.
Tente entender! O homem não pode se aproximar de todos esses "Porquê" s com sua lógica finita.
É somente através de Cristo que tudo pode ser explicado.
Meu filho, Cristo nunca nos abandonou. Ele está sempre conosco como um amigo e um defensor, até o fim dos tempos. Mas você só vai perceber isso quando você se tornar um membro consciente da Sua Igreja e receber os Sacramentos.

Re-publicado a partir do livro " A vida e ensinamentos do Geronta Ephifanios".

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